Ganhar uma etapa profissional de surfe não é tarefa fácil, são diversos atletas fazendo manobras radicais ao mesmo tempo na eterna busca da onda perfeita. Agora, uma mesma família conquistar os dois torneios da temporada até o momento é um feito que apenas os irmãos Muniz conseguiram realizar. Alejo venceu o venceu o primeiro evento sul-americano da WSL 2022/2023 no último dia 17, em Mar del Plata, na Argentina, e Santiago conquistou a última etapa em Garopaba, na semana seguinte. Os dois deixam a família invicta até o momento.
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Os atletas largam na frente do ranking regional do esporte. Santiago lidera com 1.650 pontos, enquanto Alejo, que não disputou a última etapa por conta de uma lesão, ocupa a 3ª posição com 1.000 pontos. Ao final da temporada, os melhores surfistas são classificados para o Challenger Series, torneio de acesso ao campeonato mundial.
Apesar de competirem no mesmo esporte, o clima de rivalidade nunca existiu e inclusive os dois praticamente vivem juntos tanto no mar, quanto fora. Alejo, 32 anos, e Santiago, 29, treinam juntos nas praias de Bombinhas.
– Nossa relação é muito boa porque um sempre puxa o outro para aprimorar as manobras. Nos campeonatos também fazemos o mesmo, ele fica como meu técnico na beira da praia, auxiliando e gritando para que lado ir. Eu também faço o mesmo com ele e assim a gente vai se ajudando para chegar o mais longe possível – diz o caçula, Santiago Muniz.
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Os dois vivem momentos diferentes. Enquanto Santi, como o irmão mais velho gosta de ser chamá-lo, está classificado para o Challenger deste ano e talvez viva o melhor momento da carreira, Alejo tenta retornar à elite do esporte. Ele venceu uma etapa QS após sete anos e busca retornar ao Championship Tour, onde esteve sete vezes. O primogênito chegou a ser o 10º melhor surfista do mundo em 2011.
– Aquela vitória foi muito mais que uma prova pra mim. Eu vinha lutando contra lesões e passei por duas cirurgias nesse período, uma em cada joelho. Nunca parei de treinar, de tentar e sou a prova de que o trabalho duro faz tudo valer a pena. Passou uma montanha-russa de sentimentos quando me carregaram após o título – comenta Alejo Muniz.
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Nascidos na Argentina e radicados em Santa Catarina, eles explicam que os pais já moravam no Brasil antes de terem os filhos, mas pelo fato de a cidade não ter hospitais e apenas “parteiras” na época, a mãe decidiu passar os últimos meses da gravidez de cada um no país vizinho com a família.
– A ideia do nosso pai era que a gente morasse no Brasil para fugir um pouco do frio e aproveitar um clima melhor para o surfe, já que ele tinha e ainda tem uma escolinha de surfe na cidade. Foi ele quem nos ensinou a surfar – explica Alejo Muniz, que venceu a primeira etapa da temporada na cidade natal, Mar del Plata.
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Essa mistura entre os países fez com que os dois surfistas se dividissem em relação à nacionalidade. Santiago compete pela Argentina, enquanto Alejo se naturalizou brasileiro com 14 anos. A escolha de cada um aconteceu de forma semelhante. Durante o Mundial Júnior por equipes, Alejo havia sido convocado pelo time verde-amarelo E optou pela troca. dois anos depois foi a Vez de Santi, que escolheu defender a bandeira azul e branca.
– Amamos os dois países e sempre levamos na brincadeira quando as pessoas falam. É até engraçado, porque conseguimos unir as duas torcidas e quebrar um pouco essa disputa. Vejo muita torcida brasileira apoiando o meu irmão e muitos argentinos torcendo por mim – comenta Alejo.
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Mesmo com os dois tendo o surfe no sangue e sendo muito parecidos fisicamente, cada um tem uma forma de pegar onda. Enquanto Santiago prefere um estilo mais radical, usando a velocidade para fazer manobras aéreas, Alejo tem um jeito mais clássico, fazendo linhas nas ondas com rasgadas e batidas.
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Mesmo com tantos campeonatos, circuitos e etapas disputando ao redor do mundo, os dois ainda não tiveram a oportunidade de se enfrentarem dentro da WSL. A oportunidade passou perto de acontecer, na etapa da Argentina: Santiago Muniz caiu nas semifinais e bateu na trave de fazer a final contra o Irmão. De acordo com ele, seria um sonho:
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– É o que falta e a gente ficaria muito feliz. Eu já levantei ele para comemorar títulos, o Alejo já me carregou, mas ainda não tivemos a oportunidade de nos enfrentarmos dentro d’água. Quem sabe na próxima – conclui Santiago.
*Texto de Eduardo Garcia
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