O agricultor Osni Fleith, 67 anos, não recepciona mais a equipe de reportagem aparentando preocupação. Na semana passada, a inquietação deu lugar ao sorriso quando abriu as portas da propriedade onde seu pai nasceu para os primeiros visitantes pós-restauração.

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A estrutura enxaimel da estrada do Pico, em Pirabeiraba, agora passa ilesa pelas tempestades e está pronta para receber novamente os moradores que a desabitaram há mais ou menos 20 anos, desde que começou a ruir.

– Dia desses veio um casal de noivos tirar fotos aqui em frente – conta, orgulhoso.

Osni realmente tem motivos para comemorar. Foi um longo percurso até que conseguisse ter intacta de volta a herança que divide com mais quatro irmãos. A casa é considerada um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a família não tinha recursos para bancar uma restauração dentro dos parâmetros exigidos pelo órgão. Osni se mudou com a mulher e o filho para outra casa na região, enquanto via o tempo destruir aos poucos a propriedade.

A boa notícia veio em novembro de 2011, quando o Iphan resolveu pagar os custos da recuperação e abriu edital para contratação de uma empresa especializada. Com um orçamento de R$ 392 mil, as obras iniciaram em abril do ano passado. A previsão era de que fossem concluídas em outubro do mesmo ano, mas houve uma série de atrasos.

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Os operários deixaram o imóvel há poucos dias. Mesmo após a longa espera, Osni não tem pressa em fazer a mudança. Exigente, ele quer providenciar alguns ajustes até preencher os espaços com os móveis da família. Uma lavanderia deve ser instalada aos fundos da propriedade. Osni também quer autorização para colocar azulejos na cozinha.

– Vai demorar mais uns dois meses mais ou menos – calcula ele, que acompanhou passo a passo a movimentação de operários.

Os cômodos vazios já têm cada um o seu destino. Além de Osni e a mulher, o filho único e um irmão vão morar na casa. Com a volta para a construção enxaimel, o herdeiro não precisará mais fazer o percurso diário para cuidar das plantações que cercam o imóvel.

– Meu avô deve ter vindo da França com muito dinheiro, porque comprou essa terra toda e construiu uma boa casa – diz.

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A partir da inscrição do ano de 1913 no sótão da casa, estima-se que neste ano ela complete cem anos, mas Osni acredita que a propriedade seja ainda mais antiga. O pai de Osni, que faleceu em 2011 aos 94 anos, nasceu no local bem depois das paredes terem sido construídas.

A Fundação Cultural de Joinville está responsável pela inauguração da restauração, que é símbolo importante para o turismo rural da cidade. O evento ainda não tem data, mas deve entrar para o calendário de festividades do aniversário de Joinville, em março.