Há 42 anos em Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, a moradora Vania Matos da Silva conta não ter visto nada ao temporal que atingiu o local na noite desta terça-feira (10). Ao relatar o ocorrido, repete: “assustador, assustador”. A casa dela, na zona rural do município, ficou tomada de lama e de pedras que escorriam de um vale onde está situada, na comunidade de Águas Frias, e escapou por pouco de ser destruída. A residência do irmão, no entanto, na mesma propriedade, acabou indo abaixo.
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— Eu estava dentro de casa quando começou a enxurrada. Primeiro veio água, depois começou a vir pedra, pau e lama. Assustador. E daqui a pouco caiu a casa do meu irmão, e ninguém conseguia chegar lá, por conta de ter muita pedra, muita água. Meu marido começou a gritar que iria morrer, porque ninguém atendia, ninguém conseguia sair — disse à NSC TV, acrescentando que uma pedra maior que parou à beira de sua casa protegeu a construção de outras rochas que desciam do morro.
Vania mora em uma propriedade rural com mais outras três residências, todas elas de familiares. Passa pelo local um riacho, que começou a levar pedras e destruir tudo pelo caminho com a forte chuva. O irmão dela conseguiu tirar os moradores da própria casa a instantes da construção ser atingida em cheio e abrigou todos dentro do próprio carro. A família ainda passou sufoco para socorrer os pais.
— O pai não caminha, e a mãe tem dificuldade de locomoção. Ninguém conseguia chegar para socorrer eles, até que conseguimos tirar eles. E meu irmão colocou a mulher dele, que é cadeirante, dentro do carro, os dois filhos e o sogro dele. Foi assustador. O que salvou a vida dela [da cunhada] foi que ela foi mostrar para a mãe a água que estava passando, então já estava na cadeira de rodas. Então ele [o irmão] conseguiu tirar ela mais rápido. Se estivesse na cama, ela teria morrido — disse Vania.
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— Aqui tinha um jardim cheio de rosas, flores, não sobrou nada. Eu nunca vi nada nessa proporção. A gente tinha um galpão, dois galinheiros, morreu tudo, não sobrou nada — lamentou.
Na mesma comunidade de Águas Frias, a cabeceira de uma ponte foi levada pela força da água. De acordo com a prefeitura, foram seis pontes destruídas no município, com estragos também nas localidades rurais de Arroio do Leão, Catuíra, Santa Bárbara e Saltinho. Todas elas ficaram isoladas em meio ao temporal, com estradas tomadas de árvores e lama, o que dificultou o socorro.
— Estamos com seis residências totalmente destruídas e quatro parcialmente destruídas. Temos pontes e estradas que a enxurrada destruiu, temos locais que não conseguimos o acesso e precisamos ir para reavaliar a condição das moradias. Inclusive o pessoal da Defesa Civil está vindo para que a gente possa fazer trabalhos de manutenção e prevenção — disse Juliano de Deus, da Defesa Civil local, à NSC TV.
Ele afirmou que o temporal foi localizado e não chegou a atingir todo o município. Em alguns pontos, foram registrados cerca de 10 milímetros de precipitação ou sequer choveu. Na comunidade de Águas Frias, contudo, moradores que têm medidores próprios chegaram a marcar mais de 200 milímetros.
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*Reportagem de Bruna Radtke para NSC TV
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