O romancista francês André Maurois já dizia que “a leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde”. Responde com anseio, alegria, tristeza, medo, esperança. Um mix de sentimentos que nos faz viajar, imaginar, refletir e transformar. Mas, antes de tudo, é preciso descobrir-se leitor. E para isso existem caminhos. A escola e a família têm um papel fundamental neste processo evolutivo.
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Assim como a família se prepara para receber a criança comprando a primeira roupa e o primeiro brinquedo, é importante pensar no primeiro livro. Inserido desde cedo, se torna mais fácil adquirir o hábito quando a criança chega na escola. A instituição acaba auxiliando no refinamento da leitura, apresentando obras conforme a faixa etária, inserindo o bate-papo sobre o tema, personagens etc.
– Apresentar para os filhos bons livros, boas músicas e bons filmes fazem parte deste processo e torna a criança mais sensível para a arte de uma forma em geral – completa a professora de literatura da Univille e funcionária da Biblioteca Pública de Joinville, Alcione Pauli.
Com o cardápio variado de livros, os jovens conhecerão diferentes estilos e gêneros e logo saberão do que realmente gostam: romance, aventura, poesia, contos, crônicas, fantasia ou ficção científica, por exemplo.
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– É preciso experimentar os livros como se experimenta a comida – diz Alcione.
A popularização dos livros abre um leque para todas as idades e os gostos. É preciso criar estratégias para seduzir o leitor com atividades diferenciadas.
– Não é só ler por ler ou indicar por indicar. Não deve ser uma cobrança, mas uma forma de conversa, de debate, para que todos aprendam juntos. O que eu senti quando li o livro? O que ele me mostrou? A partir desta conversa é possível costurar com outras obras, com outros autores, sempre dando um gostinho de quero mais.

Exemplo que vem de casa
Uma sobe em uma cadeira em frente à estante, outro pega vários livros de lá. A menina tem um ano e meio e o menino, seis. O que essas crianças têm em comum? Bem, além de serem irmãos, os dois adoram ler.
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A relação com os livros vem desde cedo e tudo isso pelo incentivo dos pais. Maria Elisa Máximo, professora do Bom Jesus, e Rolf Dittrich Viggiano, advogado, montaram uma minibiblioteca na sala para os filhos Heloísa (a menor) e Vicente. Deu certo. Os livros são os brinquedos das horas vagas.
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– No início, compramos aqueles de plástico, que dá para brincar na hora do banho. Depois, os de tecidos e os de histórias em geral. Sempre tiveram esse contato e isso vai aumentando com o passar do tempo – conta Maria Elisa.
Ela e o marido sempre gostaram de ler (há outra biblioteca na casa só para eles) e o incentivo também veio dos pais. A liberdade de poder mexer com o livro, sem recriminar se a criança rasga ou risca, por exemplo, foi algo que eles aprenderam e agora passam para os filhos.
– Heloísa abre, aponta para os bichinhos e nos chama quando quer ouvir uma história. Tem momentos que ela risca, mas isso faz parte desse aprendizado. Essa apropriação do livro é importante – completa.
Vicente, mesmo sem saber ler, sabe tudo sobre dinossauros. Adora livros de animais em geral e se encanta com o que vê.
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– É importante destacar que a leitura não deve se tornar uma obrigação. É um momento de lazer, de contato com novos mundos. É algo lúdico, uma brincadeira. É isso que encanta. Eles leem quando querem e esse querer acaba sendo constante – diz o pai.
A escolha certeira
Que a leitura é um momento de lazer, muita gente sabe. Mas também é estudo quando se está na escola ou na universidade. Os professores de português e literatura “se viram nos 30” para criar estratégias que incentivem o jovem a ler.
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Segundo o professor de literatura do Exathum, Pablo Pereira, muitos jovens chegam aos cursinhos sem terem criado o hábito da leitura. E têm o primeiro contato com este mundo por meio dos clássicos indicados para os vestibulares. Mas esta seleção, geralmente, não é muito atrativa para eles, que ainda não têm maturidade para entender e apreciar a obra. Mas aí não tem jeito. É preciso encarar.
– Assim como ele precisa ler uma apostila de biologia ou de matemática para o vestibular, os livros também são apostilas. Você precisa ler, fazer o resumo, entender para realizar a prova. Se não, não passa. Aqui é um objetivo, é uma meta – explica.
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Mas até este primeiro contato pode se tornar um presente, um caminho para dar vida a um novo leitor. E nesta etapa é importante a participação do professor, que pode ajudar o jovem a encontrar, também, temas de interesse.
– É preciso dar o exemplo. O professor tem de usar as redes sociais, perceber o que os alunos gostam para dar dicas de leituras. Assim, eles vão criando esse hábito também.