Duas semanas após a morte de Tamerlan Tsarnaev, a família anunciou que pretende pedir um autópsia independente para saber do que morreu o mais velho dos irmãos suspeitos de detonar duas bombas caseiras próximas à linha de chegada da Maratona de Boston.

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Os investigadores ainda tentam entender se eles agiram sozinhos e se a viúva de Tamerlan, Katherine Russell, teve alguma participação no caso.

O corpo de Tamerlan foi entregue a uma tia na quinta-feira. O funeral deve ocorrer em Worcester, Massachusetts, mas a imprensa americana não obteve informações sobre a datada cerimônia. Antes, seria realizada a autópsia, segundo uma porta-voz da família. O resultado oficial porém ainda não foi divulgado pelas autoridades.

Tamerlan, 26, morreu em 19 de abril durante confronto com os agentes, segundo o FBI, a polícia federal americana, e seu irmão, Dzhokhar, 19, foi preso no mesmo dia. Ele está em um centro médico prisional federal.

O jovem Dhzokhar Tsarnaev, um dos acusados pelo duplo atentado durante a maratona de Boston, disse aos investigadores que em um primeiro momento havia planejado com seu irmão Tamerlan cometer um ataque suicida no dia da independência dos Estados Unidos, 4 de julho, indicou a imprensa na quinta-feira. Mas eles teriam descartado o plano depois de conseguirem fabricar antes do previsto as bombas caseiras.

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Ontem, investigadores confirmaram a existência de resíduos de explosivos no apartamento onde Tamerlan morava com a mulher e a filha do casal. Os traços do material estavam na mesa e na pia da cozinha e na banheira. Outros três colegas de faculdade de Dzhokhar foram presos acusados de ocultarem provas. Não está claro o papel da mulher de Tamerlan no episódio. Inicialmente, os investigadores suspeitavam que o material genético de uma mulher encontrado nas panelas de pressão usadas para fabricar as bombas seria dela. No entanto, ontem a rede CBS e o jornal The New York Times informaram que as impressões digitais não coincidem com as de Katherine Russell. De acordo com o jornal The Washington Post, no computador de Katherine foram baixados materiais radicais islâmicos e revistas que inspiram a Al-Qaeda. Segundo o FBI, Katherine ligou para o marido quando viu sua foto na televisão como procurado.

A imprensa americana ainda divulgou ontem que, após o atentado, o governo Obama tornou mais rígidas as leis de segurança a estudantes estrangeiros que chegam ao país. Segundo a agência de notícias Associated Press, o Departamento de Segurança Interna ordenou que funcionários aduaneiros verifiquem de maneira imediata se todos os estudantes estrangeiros possuem um visto válido. Um estudante do Cazaquistão acusado de ocupar provas do bombardeio foi autorizado a voltar ao país sem que seu visto estivesse válido.

Campanha a favor de suspeitos aparece na Chechênia e no Quirguistão

Pôsteres e panfletos de apoio aos irmãos Tsarnaev são distribuídos desde quarta-feira em Grozny, capital da Tchetchênia, e em Bishkek, no Quirguistão.

Nos cartazes encontrados em Grozny, na Chechênia, região de origem da família Tsarnaev, aparecem fotos de Dzhokhar e da mãe dos dois irmãos, Zubeidat Tsarnaeva, com a inscrição “inocente”, afirmando que o governo americano não tem provas da culpabilidade dos suspeitos.

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O pôster, que não tem autor identificado, ainda indica um apelo para doações aos pais para que consigam custear a defesa e o tratamento médico do acusado. Os autores ainda fornecem um sistema de pagamento online famoso na Rússia e o endereço dos Tsarnaev na rede social russa VKontakte.

“Os pais de Dzhokhar pedem sua ajuda, para coletar dinheiro para seu filho, que não querem perder, assim como perderam seu filho mais velho de forma injusta e cruel. Nós lhe agradeceremos por qualquer ajuda, em nome do Todo Poderoso, para não permanecermos indiferentes”.

No Quirguistão, país por onde passou a família dos suspeitos do atentado em Boston e onde nasceu Dzhokhar em 1993, panfletos vêm sendo distribuídos na capital Bishkek, afirmando que os irmãos são inocentes. A polícia disse que investiga a autoria dos cartazes.

Os anúncios também dizem que as acusações contra os irmãos são falsas e pedem ajuda e apoio médico e jurídico ao mais novo. Assim como no caso dos cartazes chechenos, os autores não se identificaram.

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Em ambos os casos, eles usam o argumento defendido pelos pais dos suspeitos, Anzor Tsarnaev e Zubeidat Tsarnaeva, que acreditam que seus filhos foram mortos por causa do culto ao islamismo do irmão mais velho, Tamerlan.

Sete perguntas

1) Como Tamerlan morreu?

As circunstâncias em que Tamerlan foi morto durante a perseguição policial ainda não foram esclarecidas. Há dúvidas se ele teria sido capturado vivo.

2) Como o irmão mais novo foi ferido?

O FBI divulgou que Dzhokhar Tsarnaev teria tentado se matar ao ser cercado. Antes de Dzhokhar ser capturado, autoridades acreditavam que ele estava fortemente armado e até aventaram a possibilidade de o jovem portar bombas no próprio corpo. Dzhokhar foi encontrado em uma embarcação coberta por uma lona no jardim de uma casa em Watertown, na região metropolitana de Boston.

3) O que o FBI detectou na entrevista de Tamerlan Tsarnaev?

Tamerlan e membros de sua família foram entrevistados pelo FBI em 2011, seguindo um pedido de oficiais russos sobre possíveis ligações de Tamerlan com extremistas islâmicos russos. A presidente do Comitê de Inteligência do Senado, Dianne Feinstein, questionou por que o FBI deixou de monitorá-los depois disso. O FBI diz não ter encontrado indícios de atividade terrorista.

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4) Por que não houve ação depois da investigação de 2011?

Após não encontrar evidências de terrorismo, agentes do FBI encerraram o caso Tamerlan. Acrescentam que pediram mais informações às autoridades russas, mas não teriam recebido resposta.

5) Por que as autoridades não sabiam da visita de Tamerlan à Rússia?

Tamerlan foi incluído na base de dados de suspeitos de terrorismo em 2011, mas viajou de janeiro a julho de 2012. O FBI disse não ter sido alertado porque o nome do suspeito teria sido grafado de forma errada em documentos de viagem.

6) O que Tamerlan fez durante seis meses no Daguestão?

Segundo suas tias, Tamerlan passou a maior parte do tempo no Daguestão, república russa no volátil norte do Cáucaso, rezando e lendo o Corão.

7) Por que ele não foi identificado como uma ameaça?

O interesse de Tamerlan pelo extremismo islâmico cresceu nos últimos anos, quando passou a postar vídeos militantes em redes sociais. Senadores questionam por que essa atividade não despertou o alerta dos agentes do FBI.

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