As malas da família Tomazelli foram enchidas às pressas com o anúncio de que a Flórida, onde moram nos Estados Unidos, seria atingida pelo Furacão Milton, de categoria 5, capaz de levar construções inteiras com sua força. Com risco de morte para os moradores, o governo estadunidense pediu que todos deixassem suas casas. A previsão é de que o furacão chegue à região ainda nesta quarta-feira (09).

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A evacuação precisou ser rápida. Sidnei Tomazelli é natural de Joinville e foi morar com a família na Flórida em 2016. Dono de uma companhia de instalação de pisos, carregou o que pôde, mas precisou deixar muitas coisas para trás, inclusive ferramentas de trabalho, como a van. 

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— [Deixamos] van de trabalho, casa, roupas, quase tudo. Só trouxemos duas malas e itens pessoais — conta o joinvilense.

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A decisão de deixar tudo para trás não foi fácil. Foi em meio a um cenário caótico que a família tomou a decisão.

— Decidimos na segunda-feira (7) ao meio-dia, pois os trabalhos foram cancelados e já estava faltando água e gasolina nos postos — lembra Sidnei.

O último furacão que atingiu os Estados Unidos foi o chamado Helene, há cerca de duas semanas, e que deixou mais de 230 pessoas mortas. Neste caso, a família não chegou a sair de casa, pois foi avisada de que o fenômeno não tocaria o chão naquela localidade.

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Agora, com o Furacão Milton a previsão é de que este seja um dos piores da Flórida nos últimos 100 anos, inclusive podendo alcançar a categoria de superfuracão. Nesta segunda-feira (7), o Milton alcançou categoria 5, a máxima para os furacões, que indica que os ventos passam de 250 quilômetros por hora. 

— É um sentimento de tristeza; impotência, na qual você não tem o que fazer. Você acaba se acostumando com isso porque todos os anos tem [fenômenos climáticos], não foi a primeira vez que decidimos sair. Então, você acaba sabendo que é o melhor a se fazer — afirma Sidnei.

Assim como a família Tomazelli, milhares de pessoas deixaram suas casas na Flórida para procurar abrigo em locais mais seguros. Imagens feitas pelo xerife Chad Chronister, do Hillsborough County, mostram centenas de carros em uma imensa fila para deixar o estado.

A família de Santa Catarina, por exemplo, viajou 780 quilômetros de carro, indo da Flórida para a Geórgia. A distância equivale a uma viagem entre Joinville a Araraquara (SP). A expectativa de Sidnei é retornar para casa ainda esta semana.

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Alerta para superfuracão

O fenômeno se formou no fim de semana, no Caribe, e além da Flórida deve afetar também parte do México. Até agora, ele não tocou o solo em nenhum país. Após Tampa, o fenômeno deve seguir para Orlando. Antes disso, deve passar pela península de Yucatán, no México.

O rápido avanço e crescimento do furacão fez o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciar estado de emergência em toda a Flórida nesta segunda-feira (7).

— Se vocês estão sob ordem de evacuação, vocês devem evacuar agora, agora, agora. Vocês já deveriam ter evacuado. É uma questão de vida ou morte, e isso não é exagero… É uma questão de vida ou morte — disse o presidente.

Kamala Harris, vice-presidente e candidata nas eleições americanas, também pediu que os moradores abandonem suas casas.

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Segundo o diretor do NHC, Michael Brennan, em Tampa as inundações podem chegar a 4,5 metros. Ele explica que algumas áreas podem ficar inabitáveis por longos períodos e construções inteiras podem ser levadas, “por isso pedimos que deixem as áreas de perigo”.

Atualmente, existem cinco categorias de furacão, definidas a partir da velocidade dos ventos. O Milton já alcançou categoria 5, quando os ventos passam de 250 quilômetros por hora. Mas a previsão de escalada mais rápida pode fazer com que ele inaugure a categoria 6, com ventos de mais de 307 quilômetros por hora.

A criação desta nova categoria foi proposta em um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). É que, com o aquecimento do mar, associado a mudanças climáticas, furacões cada vez mais poderosos tendem a se formar.

*Com informações do g1 e de O Globo.

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