Família de São José pinta a casa, a rua e investe quase R$ 1 mil em decoração para a Copa do Mundo

Não há indignação que resista à paixão. E por isso, apesar do clima tenso com greves e protestos, o coração louco de amor pelo futebol falou mais alto. É hoje que as ruas ficarão vazias, que o almoço se estica até as 5 da tarde e que às 6 da noite não haverá engarrafamento algum na ponte Colombo Salles.

Que esta seja a Copa de Neymar, Thiago Silva, Julio César e todos os 23 comandados por Felipão. É só nisso que pensa o pintor Maurício Machado, 38 anos e um agitador em São José. A casa dele, pintada de verde bandeira, será certamente o ponto mais movimentado da Rua Major Durval, no Bairro Ipiranga.

Dá pra ver de longe o bambu verde e amarelo com a bandeira tremulante na frente da casa. O carro branco ganhou dois adesivos de fora a fora que chegam a 2m50cm de comprimento. Não é um Gol, mas com ele, acredita o fanático Maurício, o Brasil vai pro hexa.

No começo da tarde, as bandejas de coxinha, bolinha de queijo, refrigerante e caixas de cerveja começam a chegar na garagem coberta onde a TV gigante terá home theater e vai transmitir o jogo ao vivo “pra toda a vizinhança”.

Na frente da casa, a bandeira rasga a rua de um meio-fio a outro e tem mais metros quadrados do que o Brasil tem de títulos. No centro, o pedido do Hexa.

As pequenas bandeirolas penduradas sob o telhado, o A de Argentinha azul e branco encalacrado pelo verde e amarelo. Saiu tudo da cabeça, das mãos e do bolso da família de Maurício.

– Gastei uns R$ 800 pilas, mas pode crer que valeu a pena!

Todo mundo ajudou

Pra dar conta, ele antecipou a tal mania que se expandirá nos dias de jogos do Brasil: sair mais cedo ou sequer ir ao trabalho. Pintor autônomo, ele contou com a ajuda de colegas pra tocarem o serviço. Mulher, filhos, filhas, sobrinhos, todo mundo meteu a mão na tinta, na bandeira, na massa e nas latas grandes de tinta, que foram reaproveitadas e ganharam os nomes dos 11 titulares da Seleção, além de Felipão, Parreira… e do capitão… Maurício.

– Como bolei tudo, me escalei, né – explica o pintor, ansioso pela estreia.

O trabalho que começou há mais de mês será ainda maior se o Brasil chegar à final. Pintar a própria cara com guache verde e amarelo e enfeitar a parentada será a parte mais fácil.

– Vamos enfeitar a rua toda, pode esperar – promete Maurício.