Quatro egípcios morreram nesta segunda-feira em confrontos entre manifestantes favoráveis e contrários ao presidente deposto Mohamed Mursi, enquanto sua família anunciou que vai processar o comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Sissi, acusando-o de “sequestro”.
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Duas pessoas morreram em enfrentamentos na cidade de Qaliub, e uma terceira foi atropelada por um trem ao tentar fugir de um tumulto, informou uma fonte de segurança à AFP.
Na capital, um homem de 20 anos não resistiu aos ferimentos após ter sido atingido por um tiro nas imediações da Praça Tahrir, onde os partidários de ambos os campos se enfrentaram.
Vinte e seis pessoas ficaram feridas nos choques perto da Tahrir, principalmente atingidas por tiros de balas com estilhaços, segundo os serviços de emergência. A polícia interveio disparando bombas de gás lacrimogêneo.
Enquanto isso, um civil foi morto e quatro militares ficaram feridos em uma série de ataques no norte do Sinai, de acordo com fontes de segurança. Episódios de violência são quase diários na península desde a queda do presidente islamita.
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À noite, o presidente interino Adly Mansour pediu a “reconciliação” nacional, em um breve pronunciamento transmitido pela televisão, na véspera do aniversário da queda da monarquia, em 1952, pelos “Oficiais Livres” liderados par Gamal Abdel Nasser.
– Queremos abrir uma nova página para nossa nação: sem rancor, nem ódio, nem confronto, nem ofensa contra aqueles que deram tudo pela pátria – declarou.
Nesta segunda, dois novos ministros prestaram juramento. O primeiro foi Adel Abdelhamid Abdallah, na Justiça, e o segundo, Ibrahim al-Dumeiri, nos Transportes. Ambos já haviam ocupado esses postos anteriormente.
Enquanto isso, em uma sessão parlamentar improvisada na mesquita Rabaa al-Adawiya, perto de onde milhares de pró-Mursi estão mobilizados, parlamentares islamitas exigiram a restituição do presidente e da Constituição, assim como o “fim imediato do desaparecimento forçado” de Mursi.
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“Fim das detenções políticas”
A família de Mohamed Mursi, detido em um lugar secreto desde a sua destituição pelo Exército, no dia 3 de julho, denunciou seu “sequestro”.
“Estamos prestes a apresentar processos legais localmente e internacionalmente contra Abdel Fattah al-Sissi, que liderou o golpe de Estado militar, e contra seu grupo golpista”, declarou a filha do presidente deposto, Chaimaa Mursi, indicando que “os considera plenamente responsáveis pela saúde e pela integridade do presidente Mursi”.
“Nenhum de nós teve contato com nosso pai desde a tarde do golpe de Estado”, indicou um filho do chefe de Estado derrubado, Oussama Mursi.
Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas, pediram “o fim das detenções políticas e a a libertação de todos os presos políticos, incluindo Mohamed Mursi”, segundo um comunicado.
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Mursi foi interrogado no dia 14 de julho pela justiça sobre as circunstâncias de sua fuga da prisão em 2011, no início da revolta contra o regime de Hosni Mubarak, segundo fontes judiciais.
Centenas de partidários de Mohamed Mursi se reuniram perto do Ministério da Defesa, exibindo fotos e faixas com mensagens contra o regime militar. Várias centenas se manifestaram diante da sede da Procuradoria do Cairo, gritando “Sissi assassino!”.