Com uma mesa recheada de delícias para um café da manhã, a família do aposentado Gelci Domingos Severino, 82 anos, um joinvilense de coração, se reuniu para comemorar e para homenagear uma ilustre convidada. Depois de 58 anos, ele reencontrou a irmã, Inês Maria dos Passos, 79, moradora de Curitiba, no último sábado.
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Sem nem saber que ela pudesse estar viva, Gelci contou com o apoio e a insistência da família para correr atrás deste que era o maior sonho dele. Nesta terça-feira, após a visita da irmã a Joinville, foi a hora da despedida. O abraço, desta vez, foi mais sincero: eles prometeram que os pouco mais de 100 quilômetros não seriam suficientes para impedir novas visitas e reencontros.
Nascidos em Imaruí, no Sul do Estado, de uma família de sete irmãos, Inês e Gelci se viram pela última vez quando ela tinha 21 anos. Inês casou e acompanhou o marido por diversas cidades: morou em Cubatão (SP), Florianópolis, Lages, Caçador, Rio do Sul, Itajaí, até que fixou residência em Curitiba. Ele, em 1974, veio morar em Joinville. Desde então, Gelci nunca mais ouviu falar sobre sua irmã mais nova.
Há 15 anos a família tenta uma notícia de Inês, mas foi com a morte dos demais cinco irmãos, que as buscas se intensificaram. O genro, Antônio da Silva Fernandes, 55 anos, foi ao Sul do Estado procurar informações de Inês em cartórios e em igrejas. Foram a Imaruí, Laguna e Imbituba.
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Em Tubarão, tiveram uma ponta de esperança. Acharam a certidão de batismo, onde viram que o nome da irmã foi registrado errado, como Ignez. Mas nada mais foi encontrado. No último Natal, com a persistência do neto de Gelci, Vítor Thiago Lopes, 31 anos, a família decidiu insistir mais uma vez.
Após ajuda de parentes, que acharam cartas antigas enviadas por Inês, eles encontraram registros e endereços pela internet, na última sexta-feira, dia 1º.
– A primeira coisa que fiz foi digitar o endereço no Google Maps, onde podemos visualizar onde fica a rua. Entrei no programa Street View, e por incrível que pareça havia uma senhora na frente da casa indicada. Na hora achamos que era ela. Até achamos ela parecida com uma prima -, contou o neto.
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Reencontro de lágrimas e beijos
Não contendo a ansiedade, no dia seguinte ao achado, no sábado, a família pegou o aposentado e se mandou para Curitiba.
– Estávamos com medo de que ele pudesse ficar muito nervoso. Chegamos à rua indicada e falamos primeiro com vizinhos, para ver se ela ainda morava ali. No fim, deu tudo certo. Ela estava em casa e foi emocionante -, contou o neto Vítor, que não conteve as lágrimas.
No mesmo dia, Inês não pensou duas vezes ao receber o convite do irmão para conhecer Joinville. As malas foram feitas em minutos.
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– É incrível. Tanto tempo que não nos víamos e estou me sentindo tão bem, como se conhecesse todos da família há muito tempo -, contou uma risonha dona Inês.
Após três dias de visita, a irmã deixou Joinville com um sorriso no rosto. Assim como seu Gelci.
– Rezava todos os dias para que ela sentisse minha mão em seu coração. Não consigo nem explicar esta felicidade que estou sentindo -, disse, claramente emocionado.