A oficina é uma extensão da casa. Ali, a família convive como se estivesse em outro cômodo residencial. Na verdade, no local, pai, mãe e os filhos passam a maior parte do dia. Eles trabalham em uma tarefa que pode ser comparada a de um artista. A família Gonçalves se especializou na restauração de carros antigos.
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A ideia surgiu quando Marcos Antônio Gonçalves, 46 anos, decidiu deixar o emprego em uma oficina de pinturas de automóveis para montar o próprio negócio, em 1997. Contou para a mulher Maria Salete Tecilla Gonçalves, 44 anos, sobre a ideia.
Ela gostou e deixou o emprego em uma indústria têxtil para ajudá-lo. Com o dinheiro das rescisões, eles montaram um galpão, erguido ao lado da casa, no bairro Barra do Rio Cerro.
– A gente começou arrumando os carros de parentes. Fazia uma reforma aqui, outra lá e aos poucos fomos ficando conhecidos -, conta Marcos.
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A oficina não trabalha com parte mecânica. O serviço é focalizado na restauração de pequenas avarias na lataria e na pintura dos veículos. Mas o que virou a grande referência foi a recuperação de carros mais antigos.
O detalhe que faz diferença
A oportunidade surgiu depois que um cliente chegou para reparar um carro e se surpreendeu com o trabalho. Ele perguntou para Marcos se eles poderiam fazer uma restauração de uma variante ano 1971, cor azul pavão. E o trabalho virou uma referência.
– A fama começou a se espalhar. Nos carros antigos, fizemos o trabalho completo. Eu sou muito detalhista e procuro me concentrar nisson -, revela.
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Depois da Variante, vieram uma brasília, chevetes, fuscas e caminhonetes. Neste 15 anos, foram cerca de 50 automóveis. Atualmente, na oficina estão quatro carros para serem restaurados. Um SP2 1975 vermelho, um fusca 1969 verde – que é o mais antigo que a oficina vai trabalhar até agora – um dodge 1973 azul-marinho e uma TL 1970.
A maioria dos carros vem de heranças de famílias, comprados pelos avós ou que passaram por várias gerações. O trabalho de restauração exige paciência não apenas do especialista nos reparos, mas também do dono. A reforma é demorada. A média é de um ano. O valor do trabalho é cobrado por hora. O preço em média é R$ 25.
Marcos costuma fazer uma parceria com o proprietário. Como são carros que têm valores sentimentais, os donos gostam de participar da recuperação. Então as buscas das peças originais em lojas e ferros-velhos geralmente ficam ao cargo dos clientes.
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– Eles adoram se envolver. O meu negócio é montar e desmontar a lataria e restaurar tudo -, disse.
Depois de pronto, os clientes costumam deixar as peças restauradas guardadas em casa. Em alguns casos, como em um TL 1970 perolizada que está sendo finalizada, o veículo chegou a ter o preço de compra oferecido a R$ 50 mil, que é o valor de um excelente zero.
– Quem é apaixonado investe nisso -, diz.
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