Em Jaraguá do Sul, o policial civil Celso Itamar Feldhaus, 51 anos, aguarda a volta do filho Theófilo Fernando Feldhaus, 22 anos. A distância de 10,5 mil km que separa os dois só aumenta a saudade e reforça a ansiedade pelo reencontro.
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Theófilo é marinheiro e há seis meses integra a tripulação da fragata União, embarcação que comanda a frota naval da ONU no Líbano. O militar, que nasceu em Ituporanga e mora em Jaraguá desde os nove meses, é responsável pelo armamento e ajuda na manutenção geral do navio brasileiro.
Na casa no bairro Centenário, onde Theófilo passou a maior parte da vida, o pai e a irmã mais velha, Daniele Sebold, 27 anos, gostam de matar a saudade vendo fotos do caçula de três irmãos. Três vezes por semana, eles se falam pela internet.
– Costumo ficar o tempo todo com a internet ligada até ele se conectar. Só não conseguimos nos falar quando ele está em alto-mar -, conta o pai.
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A União patrulha as águas libanesas em busca de navios suspeitos de transportar armas ilegais. A cada sete dias no mar, a embarcação permanece três atracada na capital Beirute.
Segundo Celso, os marinheiros fazem escalas para garantir que a vigília seja realizada durante todo o dia.
– Trabalhar na embarcação está sendo uma experiência completamente nova. O Theófilo sempre gostou do mar e de viajar e ele está maravilhado por conhecer tantos lugares -, conta.
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Theófilo não é o primeiro da família a trabalhar como militar. O avô paterno dele, Daniel Feldhaus, serviu ao Exército. O rapaz prestou concurso em 2009, depois de deixar o emprego numa indústria têxtil de Jaraguá, e foi aprovado.
Em 2010, trancou o quarto semestre do curso de ciências contábeis na Uniasselvi/Fameg, em Guaramirim, e foi estudar na Escola de Aprendizes-marinheiros em Florianópolis. Após se formar, em dezembro daquele ano, mudou-se para o Rio de Janeiro e escolheu trabalhar na fragata União.
A adaptação não foi nada fácil. Nos primeiros 15 dias de curso, a rotina pesada de exercícios fez com que o rapaz – conhecido por Teté pela família e os amigos e por Téo pelos colegas da tripulação – quase desistisse de ser marinheiro.
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– Um dia, ele me disse que estava pensando em voltar. Mas no dia seguinte, já tinha mudado de ideia -, lembra Celso.
Quando a saudade aperta, a família procura lembrar do jovem alegre, que adora tocar violão e estar sempre rodeado de amigos.
A viagem de volta ao Brasil começa nesta semana, quando a fragata União será substituída por outra embarcação do mesmo tipo, a Liberal. Feldhaus e os companheiros devem chegar em casa dentro de um mês. Quando a família se reencontrar, Theófilo poderá conhecer o sobrinho mais novo – Henrique, de quatro meses – e jogar videogame com o mais velho, Marco Antônio, de sete anos.
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