A família de um homem que foi morto em mercado de Palhoça no último domingo (8) contesta a versão do boletim de ocorrência (BO) registrado pela Polícia Militar (PM). Os parentes negam que ele estaria portando uma faca e afirmam ainda que a pessoa que supostamente o matou foi até a casa da família pedir para que a mãe buscasse o corpo do filho, que estaria jogado na calçada. O caso aconteceu na Praia do Sonho.
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A reportagem teve acesso ao BO feito pela PM, que registrou o caso como homicídio. O documento relata que Voldete de Almeida, como foi identificada a vítima, chegou ao mercado em Palhoça para comprar bebidas. Como estava sem máscara, ele foi impedido de entrar, conforme o relato. Barrado por funcionários do estabelecimento, Almeida teria ido até em casa, pegado uma faca e voltado ao supermercado para ameaçar quem estava no local.
Segundo o BO, neste momento, clientes e funcionários o colocaram para fora e, pouco tempo depois, a vítima teria voltado ao mercado com um pedaço de ferro. As pessoas que estavam no local entraram em luta corporal com a vítima e o desarmaram. Os irmãos de Voldete, ainda de acordo com a ocorrência, teriam apedrejado o mercado junto com a vítima.
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A PM foi acionada e, em meio aos procedimentos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que um carro parou na guarnição com um homem ferido na cabeça. Neste momento, foi constatado a morte e a identidade da vítima, que era Voldete.
Família nega versão do boletim de ocorrência
A família, no entanto, nega a versão da ocorrência da PM. Segundo a irmã da vítima, Ivanete de Almeida, todos os familiares estavam em casa comemorando o Dia dos Pais no domingo. Voldete, que segundo a irmã era usuário de drogas, ficava na frente do mercado com frequência batendo nas lixeiras que estariam no local quando estava sob efeitos de drogas.
– Quando ele estava incomodando, chamavam a gente pra ir buscar ele. Tanto os donos do mercado quanto a própria polícia que já nos conheciam. Isso aconteceu várias vezes – explica a irmã da vítima.
Ivanete conta que a família não percebeu que o irmão teria saído de casa no fim da tarde. Quando sentiram falta, a pessoa que supostamente o matou, de acordo com a família, estaria no portão pedindo para que a mãe fosse buscar o corpo do filho. Ainda de acordo com a irmã, o homem de quem a família suspeita estaria segurando um pedaço de ferro com sangue.
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A vítima, segundo os familiares, foi encontrada há cerca de 20 metros de casa em frente a uma floricultura. Voldete foi encontrado quase sem vida e faleceu segundos depois que a mãe chegou no local, de acordo com a irmã.
A vítima, segundo a PM, possuía passagens pela polícia por lesão corporal, ameaça, dano, invasão de propriedade e crimes ambientais. A irmã confirma as ocorrências e diz que no momento do acontecido, ele não estaria drogado e nem portando uma faca. A irmã não soube dizer sobre o pedaço de ferro.
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– Se ele tivesse voltado para casa, nós teríamos visto. Ele não tinha dinheiro para ir ao mercado comprar bebidas como fala a polícia. A gente que dava dinheiro pra ele – conta.
A família alega que a vítima teria amizade com o suposto autor do homicídio e que o contato entre eles já existia há cerca de 30 anos. Após a constatação da morte, os irmãos da vítima foram até o mercado e atiraram pedras contra o estabelecimento, confirma Ivanete.
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– Foi um momento de raiva dos meus irmãos, eles não estão certos. Falei pra eles que isso não iria trazer meu irmão de volta, mas foi um momento de raiva – conta.
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A mãe da vítima não foi ao velório do filho, segundo Ivanete. A mulher de 68 anos ficou abalada com a morte de Voldete e teve que ir para o hospital ainda no domingo. O velório, de acordo com a irmã, durou cerca de duas horas e foi feito em casa.
O atestado de óbito, ao qual a reportagem teve acesso, relata a morte por traumatismo craniano. A vítima, de 44 anos, deixou quatro filhos, entre eles dois menores de idade.
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A família diz que as câmeras do mercado pegam todo o local do acontecimento e informa que está em busca das imagens para entender o que aconteceu.
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– Não deveriam ter tirado a vida do meu irmão, deveriam ter nos ligado para ir buscar ele. Não defendo ele, mas a gente quer justiça, precisamos da verdade – afirma.
O que diz a PM
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar (PM) disse que as informações que constam no boletim de ocorrência são repassadas pelas “partes e testemunhas”. O Coronel Rodrigo Carlos Dutra, da PM de Palhoça, informou em nota que a corporação colhe as informações e à Polícia Civil cabe abrir inquérito para investigar as circunstâncias do caso.
A Polícia Civil informou que o inquérito será concluído na próxima semana. Segundo a delegada regional, Michele Rebelo, o autor do crime será ouvido na próxima segunda-feira (16). O órgão, porém, não deu detalhes sobre a investigação e as circunstâncias do crime.
*Sob supervisão de Vinícius Dias.
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