Família de cardeal catarinense sonha em ver o parente se tornar papa

Há um ano, o empresário Tarcísio Mildenberger era surpreendido pela ligação de um primo de Brasília, o qual informava sobre o anúncio da ordenação do primo em primeiro grau João Braz de Aviz, nascido em Mafra, para cardeal do Vaticano. Na manhã de ontem, um telefonema da esposa Terezinha, enquanto acompanhava uma obra em Mafra, Planalto Norte, voltou a surpreendê-lo, desta vez por causa do anúncio do papa Bento 16.

– Eu liguei o computador de manhã e a notícia de que o papa renunciou já estava em todos os sites. Liguei a televisão e só se falava disso. Na rua, uns conhecidos já me chamaram e perguntaram se o primo vai ser o próximo papa -, conta Terezinha, em meio a risos.

A informação encheu de esperanças a família de dom João Braz, que agora reza para que ele seja eleito, pelo próximo conclave, o novo papa da Igreja Católica.

As lembranças da viagem a Roma, em fevereiro do ano passado, ainda estão frescas na memória de Tarcísio. Na ocasião, ele, a irmã, uma cunhada e uma prima uniram-se a irmãos, outros familiares e amigos num grupo de 36 pessoas até o Vaticano para acompanhar a cerimônia de dom João como cardeal. Dom João Braz foi o 5º cardeal catarinense ordenado pelo Vaticano e, agora, não apenas terá poder de voto, mas também poderá ser votado.

– Ele é uma pessoa muito carismática, todo mundo quer estar perto dele. Ele é muito querido dentro do Vaticano e tem um relacionamento bom com todos lá -, relata.

A fluência em cinco idiomas, inclusive o alemão, ajudou-o a se aproximar de Bento 16, que tem em dom João um de seus conselheiros.

– No ano passado, ele foi o único cardeal latino a ser ordenado. A ascensão dele dentro da Igreja foi muito rápida. Ele tem esse dom -, descreve Tarcísio, com ternura.

Para o primo, os outros cardeais brasileiros, devem escolher o Dom João no conclave.

– Entre os cardeais brasileiros ele é o mais jovem, e o que tem o cargo mais alto -, observa.

A última vez que o empresário esteve com o primo foi em novembro do ano passado, quando dom João Braz foi a Curitiba para inaugurar o Instituto Católico de Psicologia e Pesquisa. Sereno, como de costume, o cardeal não fez nenhum comentário que antecipasse a notícia da renúncia de Bento 16.

Segundo o primo, há duas semanas o cardeal retornou ao Brasil para um compromisso no Espírito Santo, mas a agenda o impediu de dar um pulinho em Santa Catarina para rever as raízes. A possibilidade de o cardeal ser eleito papa faz o primo pensar em voltar ao Vaticano para poder testemunhar esse momento. Caso seja eleito papa, Tarcísio acredita que o foco do papado de dom João Braz seria a juventude.

– Se ele for eleito, ele vai ser um papa voltado para os jovens -, aposta.