O domingo começou cedo para o jovem Maikon Padilha, de 15 anos. Morador do alto de um dos morros da Costeira, em Florianópolis, ele saiu animado de casa para participar da Copa Praiana de Muay Thai, em São José, aonde iria disputar o cinturão na categoria sub 17. Nas quatro lutas que disputou anteriormente teve êxito, e a expectativa era grande do adolescente ao desafiar o detentor do título.

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A batalha tão esperada começou por volta das 18h. A luta foi dura. Foram necessários três rounds e aguardar a decisão dos juízes para saber quem seria o campeão. Enquanto a família vibrava, sofria e torcia a cada golpe, a casa onde viviam era consumida pelas chamas. Quando recebeu a notícia que havia ganhado, o adolescente caiu de joelhos e chorou de emoção: era o dia mais feliz da vida dele, disse ao mestre e professor Djalma Borges.

A mãe Hilda Aparecida, 34 anos, cria três filhos (Maikon, 15, Luis Felipe, 19, Jessica, 17, e uma criança de três anos) e um neto com o salário que recebe como funcionária de uma lavanderia. Ela recebeu a notícia do incêndio por telefone, de vizinhos, logo após a luta, mas preferiu não contar ao filho – não queria estragar o momento de felicidade. Somente quando chegavam em casa, no alto do morro, e viram todo a movimentação dos carros dos Bombeiros, foi que Maikon soube o que tinha acontecido:

– Eu estranhei que ninguém quis fazer nada para comemorar, e quando cheguei em casa vi que não tinha mais nada. Foi uma mistura, estava feliz e fiquei triste, mas vamos reconstruir – disse Maikon.

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A única coisa que restou a Maikon foi a roupa de Muay Thai e o cinturão. Na casa da família, tudo foi perdido. O garoto está morando na casa do professor Djalma, a mãe, a irmã e o sobrinho na casa da patroa da mãe, e o irmão na casa de amigos. Mas Hilda não se deixa abalar:

– Agora não adianta chorar, vou continuar trabalhando para reconstruir e passar força para os meus filhos. Graças a Deus todos eles são ótimos, nunca me incomodaram, estão no bom caminho.

Bombeiros tiveram dificuldade para acessar o local

A vizinha Tânia Mara Ferreira vive um casa praticamente grudada a de Hilda, mas só percebeu o incêndio quando o fogo já se espalhava pela parte de madeira da casa. Ela chamou os Bombeiros, mas devido a dificuldade de acessar a parte mais alta do morro, no fim da Rua Debrandino Machado, os próprios moradores começaram a abrir seus canos de água e apagar o incêndio.

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– Foi muito rápido, tudo que era de madeira se foi. O vento estava levando as chamas para o outro lado, e quase pegou na casa de uma vizinha, mas conseguiram impedir – explicou Tânia.

Segundo informações do comando de área dos Bombeiros, moradores locais tiveram que usar mangueiras de jardim para amenizar as chamas e impedir que outras moradias fossem atingidas. A ação de controle do incêndio durou duas horas, entre 18h e 20h.

Maikon entre o professor Djalma Borges (E) e o irmão Luis Felipe Neves (D)

Campanha para ajudar

O professor Djalma Borges, amigos e vizinhos estão fazendo uma campanha para ajudar a família a recomeçar. Como perderam tudo, precisam de roupas, móveis, eletrodomésticos, utensílios, e principalmente material de construção para refazer a casa.

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Quem puder colaborar pode entrar em contato pelo telefone: (48) 9805 8775