O Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ) completa 127 anos neste sábado (13). A Instituição é pioneira entre as corporações de bombeiros voluntários no Brasil e, ao longo de décadas, construiu uma relação de amizade com a comunidade. A corporação também contribuiu para a construção de histórias de vida, lapidadas na dedicação ao próximo.
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Na família Iaguczeski, o edifício sede dos bombeiros na rua Jaguaruna, região central de Joinville, é como uma segunda casa. Foi lá que durante mais de duas décadas o paranaense Valdemar Iaguczeski, 52 anos, garantiu o sustento da mulher e dos filhos.
— Muito do que tenho, conquistei no Corpo de Bombeiros Voluntários. Vim a Joinville a passeio quando tinha 23 anos e estava em um barzinho que era frequentado pelos bombeiros da cidade. Brinco que fiquei só meia hora desempregado, porque o coordenador da época me perguntou se eu não gostaria de entrar para a corporação, eu aceitei e acabei me tornando joinvilense — lembra.
Antes do convite, Valdemar conta que nunca havia imaginado servir como bombeiro.
— A última coisa que pensava na vida era ser bombeiro, porque anteriormente eu servia ao exército e presenciei um acidente com um amigo, vi o trabalho dos bombeiros, mas ele acabou falecendo e aquilo marcou muito.
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Porém, ao aceitar o emprego, a vida lhe mostrou o contrário. Além de ser combatente por 24 anos, Valdemar inspirou os dois filhos gêmeos, Rafael e Raferson, a seguirem a mesma profissão. Os meninos entraram como voluntários mirins e, depois, de formados chegaram a trabalhar com o pai por um tempo, até que veio a aposentadoria e ele teve que parar por causa de um problema no joelho.
De pai para filhos
Os irmãos seguem ativamente na corporação e, aos 28 anos, Rafael completa 15 anos nos bombeiros e é instrutor operacional efetivo e sub-chefe da Equipe Bravo. Em sua primeira ocorrência de combate a incêndio, aos 18 anos, o pai estava presente, e isso marcou a trajetória dos dois.
— Desde pequeno sempre via o pai chegando em casa cansado e cheirando a fumaça, mas ele falava pouco dos atendimentos. Naquele dia entendi o motivo. Eu pulei janelas, entrei no edifício, enfrentei o fogo e fiz o meu trabalho — destaca Rafael.
Segundo Valdemar, ao ver a garra do filho, ele constatou: “esse é bom”.
— Ele tinha visão, vontade e personalidade de assumir a responsabilidade. Na época, ainda era aspirante e voluntário e teve muita iniciativa, às vezes mais até do que pessoas que estavam há 10, 12 anos na casa — aponta.
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Em contrapartida, uma lição dada pelo chefe da família e cumprida à risca é a de que é preciso estratégia e efetividade para garantir o menor risco possível nos combates.
— Com o tempo ganhei mais maturidade e aprendi que não adianta tentar resolver o problema na loucura. Eu gosto de trabalhar com técnica, eficiência e tática, e isso eu copiei do meu pai — completa Rafael.
Já Raferson participou dos bombeiros mirins, passou um tempo fora da corporação, mas decidiu voltar há cinco anos. Ele atua em dois períodos como voluntário e trabalha no mesmo grupo que o irmão como o motorista da ambulância utilizada nas ocorrências.
— É gratificante poder ajudar as pessoas da comunidade e espero que seja gratificante também para elas nos terem por perto — diz Raferson sobre a missão dos bombeiros voluntários.
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