Uma corrida contra o tempo para definir o futuro de uma bebê de quatro meses. Esse é o resumo da situação dos pais da pequena Cecília, de Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí. Diagnosticada com AME, a menina precisa do remédio mais caro do mundo antes de completar seis meses de idade para tratar a Atrofia Muscular Espinhal. Enquanto a família trava uma batalha na Justiça para conseguir o medicamento, pede ajuda à população para custear o tratamento.

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Patricia Hasse Brunn, 37, sonhava em dar um irmão à filha mais velha, de cinco anos. O marido, que ainda não tinha filhos, desejava ser pai. Da gravidez planejada nasceu Cecília, em setembro do ano passado. A felicidade da chegada da caçula, porém, logo dividiu espaço com uma enorme preocupação.

Foi em uma consulta de rotina que a pediatra alertou sobre o fato da criança ser “muito molinha” para uma bebê de mais de um mês. As consultas ficaram mais frequentes para avaliar a evolução da pequena, que não aconteceu. Cecília também passou a ter crises de dores, que não tinham a causa identificada. Depois de muita insistência, veio a primeira internação no hospital da cidade, em dezembro.

De lá, Cecília foi transferida à unidade de saúde referência em pediatria do Estado, o Hospital Joana de Gusmão, em Florianópolis. Os sintomas da doença aumentaram rapidamente e um exame foi feito para confirmar o diagnóstico. No dia do resultado, em 29 de dezembro, Patricia descreve que teve a “notícia que nenhuma mãe quer ouvir”.

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Sem reflexos motores e com falta de ar, a bebê foi levada à UTI para receber ventilação mecânica. Em paralelo, Patricia passou a buscar todas as possibilidades de tratamento para a filha pelo SUS. Conseguiu um respirador portátil e a autorização para a aplicação do Spinraza, um remédio que tem a função de controlar os efeitos da doença, mas que precisa ser tomado durante toda a vida. Cada dose custa mais de R$ 300 mil.

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O remédio mais indicado para o caso de Cecília é o Zolgensma, capaz de frear a enfermidade por “criar” uma nova cópia de gene. Com o valor de mais de R$ 6 milhões, o medicamento mais caro do planeta foi incorporado ao SUS em dezembro do ano passado, mas pode levar até nove meses para ficar disponível aos pacientes.

Cecília se alimenta por sonda e usa um respirador portátil. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além disso, uma das exigências de aplicação pelo SUS é que o portador tenha até seis meses. Ou seja, Cecília corre o risco de ficar sem a medicação gratuita porque completará meio ano de vida antes do prazo de implantação do remédio no Brasil expirar. Sabendo disso, a família entrou com um pedido judicial para que ela receba a dose imediatamente. Até porque, quando se trata da AME, cada dia faz a diferença nas sequelas da doença.

— A Justiça negou nosso pedido, disse que não é urgente por haver o Spinraza. Vamos continuar insistindo — conta a mãe.

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Enquanto tenta o remédio de dose única, Cecília está recebendo o Spinraza. Para tratar as consequências da doença, a menina precisa de fisioterapia diária e aparelhos que os pais não conseguem pagar e o SUS não disponibiliza integralmente. Patricia é auxiliar administrativa e terá de deixar o serviço ao final da licença-maternidade para cuidar da pequena. O marido trabalha em uma madeireira.

Uma corrente do bem se formou na região para ajudar a família. Troco solidário, jantares beneficentes, pastelada e outras ações estão sendo planejadas por empresas e entidades. O sonho seria chegar aos R$ 6 milhões para não precisar esperar pela decisão judicial, mas Patricia tem metas menores, que já contribuiriam com o caro tratamento da filha, que voltou para casa na semana passada, depois da internação em Florianópolis.

O PIX para doação de qualquer quantia é: amececiliarafaella@gmail.com. A família presta contas e novidades do tratamento em um perfil no Instagram.

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