Quase quatro meses depois, a família de Samuel Davi Nunes Florêncio ainda busca respostas sobre a morte da criança de três anos. Em dezembro do ano passado, ele encostou em um poste, dentro do residencial onde morava, e sofreu uma descarga elétrica fatal. O caso está a cargo da Polícia Civil de Içara, mas enquanto o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) não fica pronto, a investigação anda a passos lentos. O advogado da família aguarda o documento para poder acionar na justiça os responsáveis pela morte do menino.

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A demora para a emissão de laudos periciais é um problema que atinge todo o Estado. Segundo a direção geral do IGP, no ano passado 150 auxiliares foram nomeados para trabalhar em diversos setores, mas o número ainda não é suficiente. Atualmente são 232 peritos criminais, médicos legistas e peritos bioquímicos para atuar em 30 unidades. Um edital para seleção de novos peritos oficiais deve ser lançado no segundo semestre.

— Nós temos gargalos que precisam ser superados com a inclusão de novos peritos. A gente enviou o pleito ao governo do Estado para a realização de concurso público, para fazer a reposição dos profissionais que se aposentaram nos últimos três anos, recuperando o efetivo e dando melhor vazão aos casos — explica o diretor geral do IGP no Estado, Miguel Acir Colzani.

Para os pais de Davi, a espera pelo documento aumenta ainda mais a sensação de injustiça. Isso porque eles não sabem a quem recorrer em busca de ajuda: prefeitura, construtora, empresa de energia ou ao banco que financiou os recursos e liberou a obra para morar. O laudo do IML saiu nos dias seguintes ao acidente, e apontou arritmia cardíaca, mas a perícia do local do choque ainda não saiu.

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— Revolta, indignação, acho que está faltando um pouco mais de preferência. É um descaso, ainda pediram mais três meses por falta de pessoal. Nada traz ele de volta, mas só o fato de saber realmente quem é o culpado alivia um pouco, é como se eu dissesse “filho, a gente fez justiça”— emociona-se a mãe, Gisele Nunes, 30 anos.

Os laudos costumam ser liberados, em média, 30 dias após o ocorrido. Essa demora não deixa somente a família desamparada, mas também engessa o trabalho da polícia. O delegado responsável pelo caso, Rafael Iasco, explica que em alguns casos, como perícia de local de crime, por exemplo, os laudos chegam a demorar cerca de um ano. Ele reconhece o esforço da equipe do IGP para encaminhar os documentos, mas confirma que a demora reflete no trabalho de investigação.

— Até a presente data, o IGP Criciúma não remeteu a nós o laudo pericial em relação ao que realmente aconteceu ali, se foi uma falha na estrutura ou se foi alguma ação humana que causou a morte da criança. A gente depende desse laudo para nortear as investigações e saber quem são as outras pessoas a serem ouvidas no inquérito policial — explica o delegado.

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