Dono de uma das mais belas vistas do Litoral Norte, o Mirante Água do Parque da Atalaia, em Itajaí, continua com o destino incerto. Interditado pela Fundação do Meio Ambiente (Famai) desde maio, em razão de uma fissura, o espaço ainda aguarda definições sobre quem vai fazer o reparo.
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A Famai diz que a responsabilidade é do Instituto Brasil Ambiental, que administra o parque em gestão compartilhada com o órgão municipal. Já a entidade afirma que o conserto está sendo discutido entre a prefeitura e a empresa que construiu o mirante, uma vez que a estrutura ainda estaria dentro do prazo de garantia da obra. Em meio à indecisão, a promessa da Famai é de que o ponto turístico será reaberto até o verão.
A interdição aconteceu porque um dos pilares de eucalipto do mirante, que tem três andares, apresentou uma rachadura. A Igesa Engenharia, responsável pela construção, foi chamada para avaliar a situação e concluiu que os danos foram causados pelo peso e pela ação do vento, que rompeu as fibras da madeira.
Um laudo também foi solicitado aos arquitetos da prefeitura, confirmando o problema. Depois disso, a Famai, o Parque da Atalaia e a Igesa chegaram a se reunir, mas nada foi decidido sobre os reparos.
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Conforme a superintendência da Fundação, a gestão compartilhada do parque e o próprio plano de trabalho do Instituto Brasil para 2013 preveem que a entidade deve fazer a manutenção do local, incluindo estufa, casa da árvore, Centro de Educação Ambiental, unidade administrativa, lago, parque infantil, praça, mirantes, decks, portal e estrada. Para tanto, a Famai repassa anualmente o valor de R$ 950 mil.
Obras
O impasse ocorre porque, segundo a Famai, a parceria com o poder público não tem sido cumprida pela administração do Parque da Atalaia nesse caso. Pelo acordo, a prefeitura faz o repasse dos recursos e depois fiscaliza as obras e melhorias, que devem ser executadas pelo Instituto Brasil.
Mesmo o mirante estando na garantia, caberia à entidade procurar a empresa e buscar uma solução, mas não foi o que aconteceu. A Famai decidiu então intervir e conversou com a Igesa, porém não pode cobrar o reparo porque a construção foi feita entre 2009 e 2010, de forma independente, por uma compensação ambiental da Teconvi, então arrendatária do Porto de Itajaí.
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– Se fosse responsabilidade só da Famai, já teria mandado arrumar. Mas o Instituto recebe a verba e é função deles cuidar do mirante – destaca a superintendente da Famai, Rogéria Gregório.
Uma reunião deve ser convocada nos próximos dias para colocar um ponto final nas discussões. A ideia é tentar, mais uma vez, fazer com que o Instituto Brasil se mobilize pelos reparos. Mas se isso não for possível, a Famai garante que assumirá as obras.
– Fica o compromisso, de que até antes da temporada de verão todas as providências serão tomadas para que o mirante seja recuperado – complementa Rogéria.
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Garantia da obra é incerta
Responsável pela construção do mirante, a Igesa Engenharia Ltda., de Balneário Camboriú, não sabe precisar se a estrutura está dentro da garantia. Proprietário da empresa, Giuliano Guimarães afirmou ao Sol Diário que não tinha informações sobre os prazos e as condições contratuais referentes à obra. A reportagem solicitou contatos do setor jurídico da Igesa, mas o empresário disse que não poderia fornecer.
Sobre a fissura no mirante, Giuliano confirmou que a empresa fez um parecer a pedido da Famai, para reforçar a necessidade ou não de manter o espaço fechado. Em relação aos reparos, ele ressaltou que nada ficou decidido até agora.
Instituto aguarda posição da Famai
Coordenador do Parque da Atalaia, Alex Rocha comenta que a construção do mirante é anterior à gestão do Instituto Brasil, e que por isso aguarda que a Famai e a empresa responsável cheguem a uma definição. Ele confirma que no plano de trabalho da entidade consta a responsabilidade pela manutenção e os reparos, mas reafirma que, nesse caso, é preciso que o órgão municipal encaminhe o procedimento adequado.
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– A gente tem como fazer o reparo, mas isso está na garantia. Estamos esperando a Famai dizer o que vai ser feito, se a empresa vai arrumar ou não, se vai construir outro – pondera.
Alex informa que o próprio Instituto Brasil estuda erguer uma nova estrutura, mas explica que a ideia só pode avançar se o atual problema for resolvido. Para a Famai, independente de quando o mirante foi construído, agora cabe à entidade recuperar a estrutura ou acionar a empresa para executar o serviço. Enquanto as discussões prosseguem, o ponto turístico segue sem data oficial para ser reaberto à visitação.
O Mirante Água
l Localizando no ponto mais alto do Parque da Atalaia, em Itajaí, o mirante é feito de madeira e tem três pisos
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l O local comporta, no máximo, 15 pessoas, e o acesso é gratuito
l De cima do mirante é possível avistar a Praia da Atalaia, os molhes por onde entram os navios, as cidades de Navegantes, Itajaí e parte de Balneário Camboriú
l Há projeto para a reurbanização da orla do Saco da Fazenda e o local seria um dos destinos do teleférico que ainda está em fase de estudo
l A estrutura é nova, inaugurado em 2010, e tem bebedouros, mas não conta com banheiros e nem lanchonete
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l Desde janeiro de 2011 o Parque da Atalaia, onde fica o Mirante Água, está sob responsabilidade da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Instituto Brasil Ambiental (antiga Associação de Moradores do Bairro Fazenda), em parceria com a Famai