Químico industrial e engenheiro químico, Tito Alberto Gobbato mora em Torres (RS) e trabalhou por 20 anos na Defesa Civil federal. Ajudou a elaborar diretrizes e protocolos de ação diante de catástrofes. Um dos casos foi o plano de proteção da população que vive próximo à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ).

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Ele falou sobre a reação química em um depósito próximo ao porto de São Francisco do Sul na terça-feira à noite.

Qual o nível de periculosidade do nitrato de amônio?

Tito Alberto Gobbato – É considerado perigoso, sem dúvida, porque a ONU classificou os 3,5 mil produtos químicos considerados perigosos e o nitrato de amônio está entre eles. Também é matéria-prima para explosivos.

Quais os cuidados que se deve ter para estocagem, transporte e manuseio?

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Gobbato – Deve ser manuseado separadamente. Ali, alguma máquina que mexeu nesse nitrato tinha mexido, possivelmente, com algum outro produto incompatível com nitrato. Tem produto que, quando você bota uma concha num produto e a mesma concha em outro, começa a reagir. Não tem um químico responsável? Não leva a sério, até que acontece.

No depósito, o fertilizante estava em montes no chão, dentro do galpão fechado…

Gobbato – Deveria estar separado. Faltou um cuidado nesse depósito, com certeza. Alguém misturou alguma coisa com nitrato de amônio e começou a reação.

Por que não houve explosão?

Gobbato – Se tivesse um pavilhão todo fechado, ou confinado num contêiner ou navio, tinha voado pelos ares. A sorte é que não explodiu.