Mães de crianças que precisam receber a vacina tríplice bacteriana (DTP), e procuram os postos de saúde de Itajaí, têm voltado para casa sem imunizar os filhos. Há duas semanas os estoques da vacina, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, desapareceram das unidades.

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O motivo é a falta de abastecimento. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), que coordena a distribuição por todo o Estado, não recebe novas doses enviadas pelo Ministério da Saúde desde agosto. Para os pais, fica a preocupação de que a falta de imunização possa expor os filhos a doenças.

_ Tento manter o calendário de vacinação do meu filho em dia, para evitar doenças graves. Se não tem vacina, fica difícil _ diz Tatiane dos Santos Gomes, mãe de um menino de um ano, que está próximo de ter que receber a DTP.

A vacina é dada em duas doses, uma aos 15 meses e outra entre quatro e seis anos. A demanda, em todo o Estado, é de 30 a 40 mil vacinas ao mês. Com a falta de reposição, os estoques têm diminuído e os efeitos começam a ser sentidos pelos municípios:

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_ O Instituto Butantan, que produz a DTP, não conseguiu cumprir o cronograma de entregas. Em municípios menores é possível que ainda haja estoque, mas nas cidades maiores há desabastecimento _ reconhece Luciana Amorim, gerente de imunização da Dive.

Na época de serem vacinadas com a DTP, as crianças já receberam pelo menos duas doses da vacina pentavalente, que protege contra as mesmas doenças, além de meningite e hepatite B. Mas o reforço é necessário especialmente em razão da coqueluche, cujos casos têm aumentado na região. A doença não oferece uma imunidade tão duradoura _ e pode ser fatal em crianças pequenas.

Risco de doenças

_ Dependendo do tempo de atraso, não chega a ser alarmante. Mas não vacinar expõe a doenças. É um risco _ diz Carlos Manuel Correa, Médico infectologista e diretor da Vigilância Epidemiológica de Itajaí.

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A situação deixa em alerta mesmo as mães de crianças que ainda não estão em idade de tomar a DPT. Daniela Occhialini, Mãe de Rodrigo, de sete meses, que ontem recebeu quatro doses de vacinas no posto central de Itajaí, o mais movimentado da cidade, se disse preocupada com a falta da vacina:

_ Se a vacina é uma alternativa para controlar epidemias, não tê-las é altamente preocupante.

Tríplice viral tem abastecimento normalizado

A DTP não é a primeira vacina a faltar na região. Durante o mês de agosto, o desabastecimento atingiu também a tríplice viral, vacina que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, e que deve ser administrada duas vezes na infância, com reforço na idade adulta.

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Balneário Camboriú e Itajaí receberam reposição da tríplice viral na semana passada. Mas, em Itapema, o problema ainda continuava na tarde de ontem. Enfermeira da Vigilância Epidemiológica do município, Richelle Caroline dos Santos diz que a falta de vacinas se agrava porque as doses da tríplice viral, quando disponíveis, têm um prazo de validade muito curto depois de abertas.

Cada frasco tem 10 doses, que devem ser dadas em apenas oito horas _ o que faz com que muitas vacinas acabem inutilizadas.

Gerente de imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), Luciana Amorim diz que o abastecimento da tríplice viral também esteve irregular em função de atrasos na entrega por parte do laboratório, mas já voltou ao normal.

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_ Não deveria haver falta em Itapema. Pode ser uma questão de distribuição ou solicitação.

Contraponto

O que diz o Ministério da Saúde:

Segundo a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, em casos de desabastecimento da vacina DTP, a orientação é que os gestores estaduais de saúde façam o remanejamento de doses para os municípios, garantindo o acesso da população. O Ministério da Saúde aguarda para este mês uma nova remessa de vacinas por parte do laboratório produtor, para normalizar a entrega.