“Do you speak another language?” Em inglês, espanhol ou outro idioma, muitos já ouviram essa questão em algum momento da carreira. Na área de tecnologia, a pergunta é quase obrigatória nos processos de seleção, mas a resposta, muitas vezes, é não.

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Em Blumenau, o setor de tecnologia tem cerca de 500 vagas em aberto – e quem domina um segundo idioma leva vantagem, atesta o Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados de Santa Catarina (Seprosc).

Na região, assim como no Brasil, a tecnologia da informação vive um momento na contramão da retração econômica de outros segmentos. Conforme o presidente do Seprosc, João Luiz Kornely, no país há 160 mil oportunidades para profissionais da área.

– O surgimento de vagas é uma coisa dinâmica. O cliente contrata projetos e fica pensando como vai arrumar gente. Blumenau já esgotou a capacidade de mão de obra, apesar das iniciativas de fomentar novos profissionais, que ainda são insuficientes – afirma Kornely.

Além da qualificação técnica em sistemas, o mercado exige que o profissional domine um segundo idioma. Luiz Eduardo Vollrath trabalha como desenvolvedor em uma empresa de tecnologia da informação (TI) em Blumenau. O profissional começou como estagiário aos 17 anos, após ter feito um curso de programação. Apesar do tempo de carreira, o desenvolvimento em uma segunda língua não foi imediato.

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– Após sete anos trabalhando como desenvolvedor, comecei um curso de inglês. Depois de um ano, decidi fazer um intercâmbio com a minha namorada para aperfeiçoar o idioma e ter novas experiências. Fomos para a Irlanda e ficamos seis meses estudando – conta.

Depois de retornar ao Brasil, Luiz voltou para a mesma empresa e, com o domínio do inglês, notou a importância para a profissão.

– Utilizamos frequentemente o idioma para procurar informações em fóruns. Também é de grande ajuda em certos projetos que envolvem times de outros países. Desenvolvemos soluções para grandes empresas, que atuam no mundo inteiro, onde um segundo idioma ajuda muito na comunicação – afirma Vollrath.

O presidente do Seprosc reforça a utilidade do segundo idioma em empresas com atuação global.

– Inglês, espanhol e alemão são os principais idiomas. O inglês, principalmente, por ser o mais usado entre os programadores.

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As atualizações na área são nessa língua. Por isso, quem não domina, fica desatualizado – diz Kornely.

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Investimento na carreira

Luiz Henrique da Silva, coordenador do Furb Idiomas – centro especializado no ensino de línguas estrangeiras e português – diz que é comum a pessoa focar no conhecimento técnico e acabar deixando de lado o idioma.

– São vários fatores negativos que influenciam nessa falta de pessoas bilíngues. Nossa região fica afastada de uma realidade cosmopolita. É evidente a necessidade de uma melhoria da capacitação, por isso muitas empresas apostam na qualificação dos funcionários – completa.

Silva afirma que um segundo idioma costuma garantir salários mais altos, de forma geral. E para quem quer aprender uma nova língua, a disciplina é a chave.

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– Nada é difícil quando você está motivado e tem aptidão. O problema é que tudo está muito fácil com a internet, mas no dia a dia você não tem acesso em todas as situações. Outros povos costumam aprender mais rápido um segundo idioma. Infelizmente, não falamos nem o espanhol, apesar da proximidade. O difícil para aprender inglês é parar para aprender – afirma.

Estratégia é oferecer incentivo para qualificação do empregado

Das 500 vagas disponíveis em Blumenau, apenas 20% pedem obrigatoriamente um segundo idioma. O percentual é um reflexo da escassez de profissionais, o que obriga as empresas a flexibilizar os critérios de contratação. Para contornar o problema, companhias da região apostam no ensino de uma segunda língua em paralelo com o trabalho.

Esse é o caso da unidade da Philips, em Blumenau. A empresa vê a necessidade de um segundo idioma para profissionais na área de TI e, por isso, oferece cursos de idiomas com custo compartilhado (80% para empresa e 20% colaborador). Atualmente, o projeto conta com mais de 100 pessoas participantes, de forma presencial e online.

– O inglês é o principal idioma, mas alemão, espanhol e até árabe já foram ensinados aqui dentro da empresa, a partir de parceria com uma escola que utiliza a estrutura para as aulas – afirma a gerente de RH da unidade, Paula Barata Andrade.

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O crescimento da multinacional faz com que o idioma seja essencial. Além da abertura de mercados, que acaba pautando a necessidade de ter um profissional com fluência em outras línguas, principalmente na conversação.

– Para todas as posições, desde a base até a diretoria, é fundamental o inglês. Algumas vagas exigem um nível de conversação inicial, caso contrário o profissional não consegue executar nada. Temos hoje 70 oportunidades abertas com o requisito do inglês e desejável o espanhol, pela atuação da empresa na América Latina – conta a supervisora de recrutamento e seleção, Cristiane Schmidt.

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