Matricular os filhos no 1º ano do ensino fundamental se tornou um desafio para pais de Blumenau. O problema? Falta de vagas, principalmente em escolas da Velha e Itoupavas. Há 13 dias do início do ano letivo, a prefeitura teve uma reunião nesta quinta-feira (25) para tentar encontrar solução para o problema. A situação motivou questionamentos da 4ª Promotoria de Justiça e da Vara da Infância.
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Documentos que a reportagem do NSC Total teve acesso mostram falta de vagas em turmas de primeiro ano em ao menos três escolas: Anita Garibaldi, na Itoupava Central, Alberto Stein, na Velha, e Zulma Souza da Silva, na Velha Central. Outro documento mostra uma determinação do Conselho Tutelar para que um colégio faça a matrícula de uma criança para que o caso não seja judicializado.
Pais lutam contra o tempo para conseguir matrícula
A filha de Ana Paula Schroder Mafioletti frequentava uma creche particular e a partir desse ano vai para uma escola da rede pública municipal. A mãe fez a intenção de vaga no fim do ano passado nas escolas Zulma Souza da Silva, Oscar Unbehaun e Alberto Stein, as mais próximas da casa da família. Sem retorno das unidades, ela ligou e ouviu de todas a mesma resposta: não havia vagas para o 1º ano.
A explicação era também de que as vagas são para quem já tem outros filhos no colégio, para famílias de baixa renda e só então por zoneamento. A alternativa foi procurar o Conselho Tutelar, que acionou o Ministério Público, segundo a mãe. Ainda assim, não conseguiu matricular a filha em uma escola da região. Ela conta ter sido orientada a matricular a menina no colégio Hercílio Deeke.
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— No Hercílio fica completamente foram de mão para nós. Eu só consegui vaga lá no colégio Lothar Krieck, que também é longe para nós. Mas eu também sou professora, começo a trabalhar em fevereiro, e preciso me organizar, saber em que escola minha filha vai estudar, em qual turma, comprar uniforme, não tem como ficar esperando — desabafa Ana com todos os papeis de negativas dos colégios em mãos.
Fábio Santos também tentou matricular o filho no colégio Alberto Stein por ser perto de casa e da creche onde o garoto vai ficar no contraturno escolar. Ouviu da Secretaria a mesma informação: falta vaga ali e nas demais escolas próximas, como a Zulma Souza da Silva. Quanto mais longe a unidade ficar, mais difícil será a logística da família por causa do trabalho.
Às vésperas da volta às aulas, o pai vai tentar agora uma vaga na rede estadual. Se por lá também não der certo, Fábio não descarta procurar o Conselho Tutelar.
— A gente chegou a ver uma escola particular, mas não temos como pagar. Eu sou mecânico, minha esposa trabalha na produção, moramos de aluguel, são muitos gastos — lamenta ele.
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O que diz a prefeitura
A assessoria de imprensa da prefeitura disse à reportagem que nesta quinta-feira (25) à tarde, há menos de duas semanas do início das aulas na rede pública municipal, houve uma reunião da Secretaria de Educação para tratar do assunto. Embora não tenha informado o que ficou alinhado no encontro, o Município disse ter conhecimento da situação (ver nota na íntegra abaixo).
A 4ª Promotoria de Justiça informou que tem um procedimento instaurado para verificar a ausência de vagas em creches e escolas municipais de Blumenau. O órgão disse estar aguardando uma resposta da Secretaria de Educação com dados atualizados sobre a situação. A Vara da Infância e Juventude afirmou não ser possível quantificar os casos, mas confirmou ter pedidos de vagas para escolas públicas na cidade.
A prefeitura de Blumenau optou por se manifestar através de nota sobre a falta de vagas e não explicou o que tem provocado essa situação. Confira na íntegra abaixo:
A Prefeitura de Blumenau, por meio da Secretaria de Educação, informa que está ciente sobre a grande procura de vagas nas escolas da região do bairro Velha e também na região das Itoupavas. A Semed está estudando alternativas para atender da forma mais breve possível essa demanda.
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