Há um ano e meio, o técnico em eletrônica Alencar Brauer, de Joinville, luta incansavelmente contra o câncer.
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Ele tem 53 anos e a batalha ficou ainda mais dura há dois meses, quando o Estado parou de repassar uma de suas principais armas, um medicamento chamado Abiraterona de 250mg, que custa R$ 13,7 mil o frasco com capsulas que duram um mês.
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O resultado é que a doença, impiedosa, sempre que avança, leva Brauer para a maca de um hospital para amenizar as dores.
– Me sinto um lixo. Trabalhei a vida inteira. E agora, aposentado por invalidez por causa da doença, é essa situação terrível – diz Brauer.
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A falta de medicamentos que tanto afeta a luta dele é um problema que tem sido enfrentado por centenas de pacientes de toda a região Norte do Estado desde julho.
Mais de 80 tipos de remédios especiais, aqueles mais caros e geralmente importados, não estão sendo distribuídos em várias cidades da região. Em Joinville são pelo menos 40 medicamentos.
São fórmulas especiais que custam de R$ 250 a caixa a R$ 15 mil uma dose. O problema, levantado pelo Jornal do Almoço da RBS TV no dia 15 de agosto, tem levado muitos pacientes a buscar o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e a Defensoria Pública para entrar na Justiça contra o Estado e o município e garantir a medicação.
O governo do Estado admite que tem enfrentado problemas para garantir que os medicamentos cheguem aos pacientes.
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Em nota, a secretaria estadual informa que “as causas do desabastecimento podem ser inúmeras, como atrasos nas entregas, falta de registro na Anvisa, falta de insumos para a produção dos medicamentos e problemas nas licitações”. Também diz que está trabalhando para normalizar a situação o mais rapidamente possível.
Em nível regional, o gerente de Saúde Evandro Godoy disse ontem que os municípios estão fazendo um levantamento para identificar onde o problema está maior.
– A demanda é sempre maior do que a oferta e há momentos em que é preciso um gerenciamento mais intenso ainda – diz. A gerência de Saúde, assim como o município, são repassadores desses medicamentos.
Na gerência, só são entregues os remédios que foram conquistados na Justiça. Na Farmácia Escola e nas unidades de saúde dos municípios da região é que são entregues os remédios para os pacientes cadastrados, mas sem demanda judicial.
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Os medicamentos são usados por pacientes de várias doenças, principalmente, câncer, glaucoma, hepatite, mal de parkinson, epilepsia, alzheimer, problemas respiratórios e problemas no pâncreas.
Em Joinville a situação é considerada delicada pela secretaria municipal. A Farmácia Escola, onde é feita parte da distribuição, é do município, mas o espaço é usado apenas para fazer a entrega. A responsabilidade de compra é do governo do Estado.
Segundo a secretária de Saúde de Joinville, Francieli Schultz, só este ano foram gastos R$ 6 milhões para medicamentos, exames e cirurgias pagos por determinação judicial. Por enquanto, não há um prazo para o fim do problema.