A falta de repasses do Estado e o acúmulo de dívidas da Fundação Hospitalar de Camboriú, que chegam a R$ 7 milhões, estão sendo investigadas pelo Ministério Público. O promotor Matheus de Azevedo Ferreira se reuniu com os representantes do hospital na quarta-feira passada e nesta terça pediu informações sobre o caso ao Estado, município, fundação e a Câmara de Vereadores. A partir da análise das repostas dos envolvidos, ele irá definir quais ações serão tomadas.

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O hospital de Camboriú, que é administrado pela fundação, está com dois meses de salários atrasados para os 45 funcionários; outros já pediram demissão em função da demora nos pagamentos. A dívida com os trabalhadores está em R$ 190 mil, segundo informou o diretor interino do hospital, Pheandro Barreto. Ele explica que os cerca de R$ 7 milhões em contas são acumulados de gestões passadas, com INSS, Receita Federal, custos trabalhistas e outras pendências.

– O hospital está com um atraso de dois meses nos salários por conta da Secretaria de Estado de Saúde, que não fez o repasse da nossa produtividade. Desde janeiro eles tem atrasado os recursos e os pagamentos não tem sido constantes – afirma Barreto.

Em função da falta de dinheiro, o diretor relata que o hospital não tem feito mais internações e cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com uma média de 30 procedimentos cirúrgicos por dia quando o funcionava normalmente, hoje a instituição não faz mais que quatro cirurgias no dia, somente para pacientes particulares.

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– Oficializamos essa situação ao MP e solicitamos uma providência, quanto ao chamamento do Estado para pagar os valores em atraso e solicitar uma verba de custeio, como já existe em outros hospitais da região. O hospital não está fechado, ele permanece funcionando, com cirurgias particulares e o serviço de raio X para o SUS. Reduzimos as atividades para reorganizar as ações e aguardar uma resposta do MP, mas não existe perigo iminente de fechar – assegura.

O hospital conta com 66 leitos e é o único de Camboriú, atendendo, inclusive, todo Estado para cirurgias eletivas. Atualmente o governo é responsável por 60% da arrecadação do hospital através do SUS e os recursos atrasados giram em torno de R$ 94 mil. O que não pagaria nem a folha atrasada dos colaboradores.

Déficit na região

Além disso, o pronto-socorro do hospital de Camboriú permanece operando normalmente, pois é mantido pela Secretaria de Saúde do município. A secretária da pasta, Márcia Freitag, comenta que a prefeitura assumiu os pagamentos do pronto-socorro ainda no ano passado e mantém 38 funcionários no local, entre médicos, cirurgiões, ortopedista, oftalmologista, entre outros especialistas.

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– O problema maior é o fechamento do hospital, porque é muito difícil fazer a regulação para outros municípios. Já temos um déficit de 400 leitos na região, imagina se perdemos mais estes. As gestantes, por exemplo, têm que ser atendidas fora daqui e há uma semana as cirurgias não são mais feitas pelo SUS – ressalta.

Márcia espera que haja uma intervenção do Ministério Público para encontrar uma solução e acredita que o Estado precisa dar mais atenção à instituição. A secretária garante ainda que o pronto-socorro vai continuar funcionando.

– Tudo hoje é uma incerteza, pra Camboriú e pra região. Este é um dos hospitais que mais fez cirurgias eletivas no Estado, temos quatro centros cirúrgicos. O Estado tem que abrir os olhos e olhar como um parceiro, porque o hospital sempre ajudou quando foi preciso – argumenta.

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A reportagem tentou contato com a Secretaria do Estado de Saúde, que não se manifestou sobre o assunto até o momento.