As psicólogas Marieli Ciola, Letícia Tidra e Isaura Krammel fazem parte do atendimento prestado às crianças vítimas de violência feito pelo Programa de Atendimento Especializado na Família e Indivíduos (Paefi) e nunca atenderam a um caso de tortura. Porém, lidam diariamente com situações de maus-tratos, negligência e abuso sexual.

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Para Letícia, a violência evoluiu e ganhou requintes de crueldade nos últimos tempos.

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– Percebo que a criança não sofre apenas um tipo de violência. A esfera da violência está mais completa. Hoje em dia, existe o uso de drogas, envolvimento com o tráfico, crime, violência na escola, bullying. As vulnerabilidades estão mais evidentes – avalia.

Falta de punição e de amor é um dos problemas pontuados pelas profissionais do Paefi. Todas elas têm sede de ajudar e procuram proporcionar momentos de alegria e de verdadeira infância aos pacientes, ainda que isso ocorra apenas durante o atendimento.

– Eu tenho tentado compreender que há muito desamor entre os seres humanos, para fazerem as coisas que nós vemos. Mas, apesar de tudo, eu continuo gostando desse trabalho. Ainda não é a minha hora de sair daqui – relata Letícia, após alguns segundos de silêncio e voz embargada.

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Para superar a carga pesada de sofrimento, a criança vítima de violência precisa de apoio familiar. Por isso, a assistência é estendida para toda a família.

– A mãe tem que dar o suporte e ser a segurança emocional. Isso vai fazer toda a diferença – acrescenta Isaura.

Além de trabalhar com toda a família, as profissionais precisam monitorar o convívio até que o direito da criança ou do adolescente esteja assegurado. Intervenção judicial, muitas vezes, acaba sendo um caminho necessário.

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Se mesmo após eliminar a violência ainda restar um sofrimento muito evidente, a criança deve ser encaminhada para a psicoterapia na rede municipal de saúde, ressalta Marieli. O atendimento do Paefi costuma durar entre seis meses e um ano, mas o tempo é muito particular a cada caso.

Alternativas de atendimento

As famílias que vivem em situação de vulnerabilidade são encaminhadas pelo Judiciário, Conselho Tutelar ou pela Polícia Civil aos centros de referência especializados (Creas). As crianças que sofrem violência são atendidas pelo Programa de Atendimento Especializado na Família e Indivíduos (Paefi).

Os três Creas de Joinville (Bucarein, Floresta e Norte) atendem hoje a 655 famílias. Desses, 83 são casos que envolvem abuso sexual. Os traumas e o sofrimento devem ser tratados pelo serviço de psicoterapia nos postos de saúde.

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SINAIS DE ATENÇÃO

O que os pais devem observar

– Brincadeiras sexualizadas

– Alteração no sono e no apetite

– Regressão de comportamento

– Apatia, tristeza ou esquecimento

– Agressividade (mais frequênte entre os adolescentes)

O que fazer

– O primeiro passo é o diálogo. Os pais precisam conversar e tentar uma aproximação com os filhos.

– Durane o banho, procure explicar que as partes íntimas não devem ser tocadas por outras pessoas e, quando isso acontecer, ela deve contar aos pais.

– Em caso de suspeita faça uma denúncia anônima aos órgãos responsáveis ou registre um boletim de ocorrência na delegacia de proteção à Mulher, Criança, Adolescente e Idoso.

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