Na hora de pisar fundo para chegar rápido a um local de atendimento, motoristas das quatro ambulâncias de atendimento avançado do Samu na Grande Florianópolis têm que pensar duas vezes: por falta de combustível, eles correm o risco de não chegarem ao destino. O motivo é a falta de pagamento, que deveria estar sendo feito pelo governo do Estado.
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Na tarde dessa quinta-feira, 9, apenas um veículo estava em operação – e permaneceria assim até que o diesel acabasse. Segundo os socorristas que protestavam em frente ao estacionamento durante todo o dia, não há garantia de reabastecimento para manter a normalidade do atendimento dos 500 chamados que a central recebe diariamente. Os veículos com médicos à bordo atendem 22 municípios na Grande Florianópolis.
Os funcionários do Samu foram avisados na manhã dessa quinta-feira que os cartões usados nos postos de combustível estavam bloqueados devido a uma dívida de R$ 30 milhões acumulada pelo Governo do Estado à Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que administra a operação estadual.
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Governo promete pagar
Por e-mail, a Secretaria do Estado de Saúde garantiu que na última quarta-feira, 8, foi feito um pagamento de R$ 3,3 milhões à SPDM. Também por e-mail, enviado à Hora no fim da tarde de ontem, a Secretaria garantiu que “foram viabilizados os recursos para pagamento dos valores devidos à SPDM, previstos para serem pagos hoje e na semana que vem, num total de R$ 6 milhões. E para o começo da semana que vem estão garantidos mais R$ 4 milhões”.
Com o estoque disponível nos tanques, os socorristas explicam que realizar um atendimento em Tijucas ou Garopaba, por exemplo, torna-se inviável. Eles afirmam que cada veículo consome, em média, um tanque de diesel a cada dia. De acordo com a médica do Samu Isadora Gomes, esta é a quarta vez que algo parecido acontece e impede a prestação de socorro:
– Hoje (ontem) pela manhã, enquanto atendíamos um princípio de infarto, o diesel acabou. Precisávamos levar o paciente do Hospital Regional até o [Hospital de] Caridade. Foi quando o homem virou para o motorista e implorou para que déssemos um jeito, que ele pagava o combustível – contou, constrangida.
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Estrutura sucateada
Além da falta de combustível, uma das quatro ambulâncias de atendimento avançado do Samu também estava com problemas mecânicos – falta de freios – segundo os profissionais. O veículo foi substituído nesta quinta-feira por uma caminhonete de apoio, mas o problema é que esse tipo não pode transportar pacientes.
O relato dos funcionários, no entanto, vai além dos problemas com as ambulâncias. Veja outros entraves que, conforme os socorristas, são frequentes e não-comunicados pela SPDM:
– Pane nos equipamentos que fazem a esterilização dos materiais;
– Falta de segurança na base de atendimento do Samu;
– Salários atrasados;
– Vale-refeição atrasado.