A emergência pediátrica do Hospital Universitário, em Florianópolis, está há quatro dias fechada. O serviço foi descontinuado devido à falta de médicos pediatras na unidade e deve permanecer suspenso até o próximo sábado (24). 

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Pacientes que procuraram a unidade desde o último sábado (15), quando a emergência foi fechada, relataram dificuldade para receber atendimento em outras unidades. É o caso de Davi Ferraz, que trabalha como vigilante e precisou faltar o serviço para buscar atendimento médico para a filha. Ele passou o domingo e a segunda-feira na fila do Hospital Joana de Gusmão, aguardando atendimento. Nesta terça-feira (18), voltou à casa de saúde com a esperança de ser atendido. 

— Ontem mesmo ela não conseguiu entrar aqui porque estava muito cheio, pelo fato de o HU estar fechado. Hoje eu vim aqui e parece que aparentemente vou ser atendido. Passei pela triagem, estou esperando o médico chamar agora — disse Davi, em entrevista à NSC TV.

Maxilene Vieira da Rosa relatou o mesmo problema: procurou o HU para tentar uma solução à doença do filho, pois não estava melhorando com a medicação indicada inicialmente. Após não conseguir atendimento, optou pelo Hospital Infantil. 

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O que diz o hospital

O Hospital Universitário anunciou que não atenderia a Emergência Pediátrica entre 15 e 24 de outubro. Em nota, informou que a partir do dia 1º de novembro, a emergência pediátrica vai atender das 7h às 21h, enquanto durar o contingenciamento. De janeiro a setembro deste ano, o HU atendeu uma média de 1,6 mil pacientes por mês.

O problema da falta de profissionais da pediatria no HU vem acontecendo desde o início de 2022. Em setembro, o serviço já havia sido suspenso. Na época, 13 profissionais haviam deixado a função e as vagas precisavam ser repostas. Após novas contratações, o serviço foi retomado, mas não de forma suficiente. A unidade estava contando com servidores fazendo horas extras e precisou remanejar atividades de ambulatório para a emergência.

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Atualmente, o HU conta com dois médicos pediatras para atender emergências, unidade de internação, centro obstétrico e ambulatório. O déficit é de oito médicos na escala. A contratação de novos profissionais é feita pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), porém, por conta do período eleitoral, não há previsão para novos concursos públicos ou processos seletivos. 

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado Santa Catarina (Simesc), Cyro Soncini, a falta de profissionais coloca em risco as crianças e também os médicos. Apesar de admitir que a falta do atendimento no HU é “uma perda inegável à comunidade”, afirma que a medida é adequada. 

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— Trabalhar com condições inadequadas, colocando sob risco não só as crianças, mas também os colegas médicos, nos parece um abuso — disse Soncini à NSC TV.

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O Hospital de Florianópolis, que também possui atendimento emergencial pediátrico, afirma que possui profissionais suficientes para atender a demanda atual, mas que também enfrenta dificuldades na contratação de novos profissionais. “Não só a unidade. Em toda Santa Catarina, todo Brasil. É uma especialidade hipossuficiente para cobertura das escalas de plantão em todo País”, relatou, em nota, o hospital.

A casa de saúde informou que possui pediatras 24 horas por dia no local, e durante os horários de maior movimento, entre as 10h e as 22h, há dois pediatras no plantão simultaneamente. Nos últimos três meses, a unidade recebeu uma média de 1,7 mil pacientes na pediatria. Já o Hospital Regional de São José recebe em média 1,4 mil atendimentos, enquanto o Hospital Joana de Gusmão registra mais de 6 mil pacientes por mês. Ambos não informaram o quadro de profissionais nas unidades.

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