O estoque de medicamentos para pacientes na UTI por causa do coronavírus tem se tornado uma das principais preocupações no estágio atual da pandemia em SC. Entre quarta (17) e quinta-feira (18), ao menos três hospitais informaram ter estoques em nível crítico e possibilidade de falta de insumos para pacientes – nas cidades de Chapecó, Tubarão e Criciúma. A maioria dos casos envolve medicamentos do chamado “kit intubação”, necessário para a manutenção dos pacientes em UTIs.

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Em condições normais, são os próprios hospitais que costumam comprar esse tipo de medicamento. Em função da escassez no mercado, agora as instituições encontram dificuldade para conseguir os insumos. Por isso, recorrem à Secretaria de Estado da Saúde para suprir o estoque.

O caso grave mais recente foi o do Hospital Regional do Oeste. A associação que administra a unidade e outros dois hospitais na região (ALVF) divulgou comunicado afirmando que o estoque de medicamentos teria chegado ao “limite crítico” e que a instituição estaria diante de um “iminente colapso na oferta de medicamentos” para pacientes de UTI. A situação poderia comprometer o atendimento nos próximos dias, segundo a nota da entidade.

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Na quarta-feira, o Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Tubarão, no Sul do Estado, foi quem comunicou a Secretaria de Estado da Saúde e outras instituições sobre o problema. O hospital relatou escassez de medicamentos e equipamentos como ventiladores mecânicos para atender os pacientes, além de falta de vagas de UTI. “Caso o cenário não mude no nos próximos dias teremos escassez de colaboradores, medicamentos essenciais e equipamentos (ventiladores mecânicos, bombas de infusão e monitores)”, diz um trecho da nota.

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Outra unidade de saúde do Sul de SC, o Hospital São José, de Criciúma, também já informou ter estoques em níveis críticos de medicamentos relaxantes musculares, necessários para a intubação de pacientes em UTIs. A comunicação ocorreu em uma nota do diretor-técnico da instituição, que na terça-feira (16) relatou o risco de os medicamentos acabarem em três dias. 

Nesse caso, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu uma notícia de fato e pediu esclarecimentos ao Estado sobre o abastecimento de medicamentos no Hospital São José e também em toda a rede hospitalar do Estado.

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Estado argumenta que escassez ocorre por alta demanda nacional

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou à reportagem que tem uma estrutura de compra e distribuição de medicamentos hospitalares, mas que “devido à alta demanda nacional, muitos itens ficam escassos no mercado ou completamente desabastecidos”. Com isso, fornecedores não conseguiriam cumprir prazos de entrega e as compras acabam não se concretizando.

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Sobre o caso específico do Hospital Regional do Oeste, a Secretaria de Saúde informou que já disponibilizou este ano estoques de medicamentos à unidade e que ela vai receber mais 400 unidades de Atracúrio 2,5 ml, um dos medicamentos do “kit intubação”. O hospital já teria sido contatado para retirar esses produtos. Novas distribuições serão feitas após definição de uma câmara técnica de assistência farmacêutica, segundo a nota.

No caso do Hospital São José, de Criciúma, a pasta informou que a unidade receberia 1.050 unidades do medicamento Atracúrio 10 mg/mL (amp 5 mL). Já sobre o hospital de Tubarão, a Secretaria de Estado da Saúde informou à NSC TV que repassou mais de R$ 12 milhões em recursos para a unidade desde o começo da pandemia, que já encaminhou a hospitais do Estado mais ventiladores mecânicos, e que está ciente da escassez de medicamentos para intubação, devido à alta procura em todo o país.

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Estado recebeu estoque após pedido ao Ministério da Saúde

Os estoques repassados a esses hospitais fazem parte de um volume recebido pelo Estado no último dia 13 de março, mensurado para sete dias de abastecimento. A carga foi entregue pelo Ministério da Saúde após um pedido do governo catarinense, por conta da alta demanda por esses insumos. O volume enviado possui 79,5 mil unidades do medicamento Propofol 20ml, 47,3 mil unidades de Atracúrio 2,5ml e 35 mil unidades de Atracúrio 5ml.

A pasta também informou que já doou 129 mil medicamentos aos hospitais de janeiro até o início de março, o que totalizaria um valor de R$ 2,1 milhões

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O governo admite risco de desabastecimento de medicamentos do kit de intubação, como Atracúrio, Propofol e Rocurônio, em função da alta demanda. Segundo o Estado, nos primeiros nove dias de março foi consumido o equivalente a quase duas vezes a média mensal de 2020 de um destes medicamentos – um aumento de quase 90%, conforme a nota da SES.

Além dos volumes recebidos do Ministério da Saúde, o governo tem um processo aberto para compra de um dos medicamentos, Rocurônio, item mais crítico nos estoques segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Outro processo emergencial de compra foi aberto para adquirir outros itens do chamado kit intubação, depois que a primeira tentativa de compra não avançou por falta de insumos no mercado.

*Colaborou Leonardo Thomé, da NSC TV

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