Há dois anos, os pais de Célio da Costa Moreira, 12 anos, perceberam que ele tinha problemas de crescimento. Através de exames eles confirmaram que o menino precisava do uso contínuo de um medicamento que substitui um hormônio para que pudesse crescer. A família ganhou na Justiça o direito de receber as caixas do remédio Hormotrop gratuitamente, mas desde novembro ele não é encaminhado à Secretaria de Saúde de Indaial. Outras 80 pessoas também não têm recebido os chamados medicamentos de alto custo – que nem sempre são os de maior preço, mas são chamados assim pela complexidade do tratamento – vindos do Estado ou da União.

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– Dizem que não tem mais e que não há nem mesmo previsão para chegar. Ele não pode ficar sem, pois paralisa o tratamento. Cada caixa dura uns dois dias e o preço total no mês fica entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. Se for comprar, só tem em Florianópolis e para nós fica insustentável – conta o pai de Celinho, Célio Antônio Moreira Neto.

Segundo a secretária de Saúde de Indaial, Adriane Machado Ferrari, há déficit de pelo menos 17 medicamentos de alto custo na cidade para tratamento de doenças autoimunes, quimioterapia e demais enfermidades. Ela explica que, em alguns casos, o próprio município está sendo chamado judicialmente para cobrir a falta do Estado:

– Podemos citar os medicamentos Belimumab (para lúpus) e Omalizumabe (para asma) que no final do ano custaram ao município R$ 21.639, entre outros valores já pagos. Infelizmente a população está, sim, sem receber alguns medicamentos. Alguns variam de 20 dias até meses de espera, mas a resposta que recebemos é de que os medicamentos estão em processo de compra – ressalta.

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O que falta

Abaixo a lista de medicamentos que não estão sendo enviados para Indaial e as respectivas justificativas:

Donepezila (Alzheimer)

– O Ministério da Saúde realizou pregão e a empresa vencedora do certame informou que o prazo previsto de entrega é a partir do dia 16 de fevereiro.

Leflunomida (artrite reumatoide)

– Foram entregues ao Estado, segundo o ministério,111.420 unidades no dia 14 de janeiro, suficientes para atender janeiro e fevereiro.

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Infliximabe (doenças autoimunes)

– De acordo com o Ministério da Saúde, a entrega prevista para a próxima semana, depois do carnaval.

Trastuzumabe Entansina (quimioterapia)

– O ministério informa que o medicamento não é comprado pela pasta. O ministério compra o trastuzumabe 150mg, cuja distribuição está regular.

– Omalizumabe (asma), Peptamen (suplemento alimentar), Pregomin Pepti (alergia ao lactose), Brentuximab Vedotin (quimioterapia), Insulina Detemir (diabetes) e Belimumabe (lúpus). O Ministério da Saúde esclarece que esses remédios não fazem parte da Rename, mas esclarece que os Estados têm autonomia para ampliar suas listas de medicamentos para recebê-los.

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– Atorvastatina (dislipidemia), Desmopressina (diabetes insípido), Hidroxicloroquina (lúpus), Mesalazina (doença de Crohn), Metotrexato (artrite reumatoide), Somatropina (hipopituitarismo), Topiramato (epilepsia): a justificativa da falta destes medicamentos não foi encaminhada pela assessoria de imprensa da Secretária Estadual de Saúde até o fechamento desta edição.