A falta de leitos de UTIs para o atendimento de crianças tem causado preocupação de pais em Santa Catarina. Só nesta quinta-feira (12), por exemplo, o Estado tinha apenas um leito neonatal disponível na rede pública, de acordo com o Painel de Leitos da Secretaria de Estado da Saúde (SES). 

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Entre os afetados com essa falta de leitos está o filho da estudante Renata Silva. Na segunda-feira (2), a criança apresentou sintomas como tosse e dificuldade para respirar. Como o quadro de saúde piorou, ele foi encaminhado ao Hospital Universitário, em Florianópolis e, depois, para a Unidade de Pronto Atendimento Sul, onde foi diagnosticado com bronquiolite. 

Mas, com a piora do quadro, a criança teve uma inflamação aguda das ramificações que conduzem o ar dentro dos pulmões. Por conta disso, ele precisaria ser internado na UTI, para acompanhamento. 

— No segundo dia, ele já estava pior e corremos pra emergência do Hospital Universitário, onde me falaram que ele precisava de UTI com urgência, mas só tinha vaga no dia seguinte. Fiquei desesperada — relata. 

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Ainda segundo a estudante, como não havia vaga de UTI de isolamento, o filho foi encaminhado para um leito neonatal do Hospital Universitário, 

— Eles falaram que iam expandir [as chances de vaga] para todos os hospitais da região, para ver se conseguiamos, porque o [hospital] infantil estava negando a vaga, já que ainda não se tinha o resultado do exame PCR. Foi ai que eles levaram ao neonatal — explica. 

A respeito do teste, o secretário-adjunto de Saúde, Alexandre Lencina Fagundes, explica que a pandemia da Covid-19 afetou os protocolos das UTIs e que é necessário o teste antes do encaminhamento para as UTIs. 

— Esse exame normalmente demora um dia, ou dois dias. Claro que talvez num período de final de semana, nós temos uma demora maior, mas não temos demora para a liberação desse exame, principalmente falando de Covid-19 — pontua. 

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SC beira 100% de ocupação nos leitos infantis 

Nesta quinta-feira (12), Santa Catarina apresentava um cenário preocupante em relação aos leitos de UTI destinados para crianças. No neonatal, o Estado tinha uma taxa de ocupação de 97%, com apneas uma vaga disponível em Joinville, no Norte do Estado. 

Já em relação aos pediátricos, a taxa é de 96,84%, com três vagas disponíveis: uma em Joinville e duas em Tubarão. Por conta disso, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio da 10º Promotoria de Justiça da Capital, instaurou um inquérito para apurar a situação. 

Segundo o secretário-adjunto Alexandre Lencina Fagundes, as doenças respiratórias têm relação direta com a capacidade dos hospitais. 

— É uma época sazonal onde nós temos um impacto das doenças respiratórias. E isso de certa forma impacta o serviço — pontua. 

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A SES informou, em nota na terça-feira (12), que a Central de Regulação de Internação Hospitalar faz a busca ativa dos leitos sempre que há o pedido da unidade hospitalar. Além disso, o governo tem trabalhado, em conjunto com o Ministério da Saúde, para ampliar a oferta em todo o Estado.

Por fim, a secretaria salienta que também há o incentivo ao desenvolvimento da Assistência Hospitalar, por meio de convênios de saúde e adesão da Política Hospitalar Catarinense (PHC), que destina recursos às unidades hospitalares.

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