O desabastecimento de leite no mercado catarinense é um dos maiores riscos trazidos pela paralisação dos caminhoneiros na região Oeste do Estado. Na segunda-feira, quinto dia do movimento, manifestantes prometem continuar impedindo o tráfego de caminhões até as propriedades rurais. Se uma negociação não ocorrer, a possibilidade é de que em uma semana o consumidor final possa sentir a falta do produto.
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O Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Santa Catarina (Sindileite) alerta também sobre a falta de espaço para estocar o produto já recolhido. É o caso da Terra Viva, em Xanxerê, onde a manifestação cresceu no final de semana e centenas de veículos formam fila no trevo de acesso. Da tarde de sábado até o começo da noite de ontem, o trânsito esteve totalmente interrompido para caminhões com carga perecível.
A preocupação do Sindileite a respeito da possível falta de leite nas prateleiras dos mercados se justifica pelos números. Santa Catarina produz 6 milhões de litros de leite por dia, sendo 4 milhões, o equivalente a 70% desse montante da região em que as rodovias estão interrompidas.
A radicalização do movimento vem em um crescente, observa Valter Antônio Brandalise, presidente do Sindileite. Conforme ele, no começo havia a promessa por parte dos manifestantes que cargas vivas e perecíveis teriam trânsito livre. Isso fez com que agricultores se juntassem ao movimento, inclusive colocando seus tratores nas filas. “Agora, é o próprio produtor que está sendo prejudicado”, disse Brandalise.
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Até sábado, as indústrias de laticínios tentavam caminhos alternativos para escoar a produção. Mas isso exigia mais custos, pois os caminhões bi trens não trafegam por qualquer estrada e havia a necessidade de contratar novos veículos. O setor vinha comemorando avanços. Desde o começo de 2012, está em prática o Sistema de Inteligência Setorial (SIS) que possibilita informações estratégicas que vão desde o monitoramento, a coleta, e a análise de informações ligadas ao ambiente de negócios e ao mercado onde as empresas e os produtores estão inseridos.
O setor da agroindústria também está ameaçado pelo bloqueio das rodovias estaduais e federais. Uma reunião na tarde desta segunda-feira, em Chapecó, pode definir sobre a paralisação das atividades também nos frigoríficos da região. Caminhões com ração não estão chegando nos aviários e granjas de suínos.
Marcos Antônio Zordan, presidente da Organização das Cooperativas do Oeste de Santa Catarina (Ocesc), reconhece o direito ao movimento, porém, discorda do fechamento das vias. Além disso, reclama pela falta de um comando geral para que as partes envolvidas consigam dialogar:
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– Cada ponto de paralisação tem seus líderes e isso dificulta a negociação – ponderou.
Além de leite e da ração para animais, o bloqueio também impede o abastecimento de combustíveis em postos, como ocorre em São Miguel do Oeste.