Os faróis dos carros do sentido contrário são de fato as únicas luzes que iluminam os motoristas que trafegam pela BR-470 após o anoitecer. Sem iluminação, com faixas e pontos refletivos desgastados pelo tempo e obras paradas ou em ritmo lento, a via exige muito mais atenção para quem transita à noite. Nesta semana a reportagem do Santa percorreu os 74 quilômetros que passam por duplicação para conferir quais são as condições noturnas da rodovia que neste ano já registrou 39 mortes.
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O trecho mais crítico é a partir do trevo da BR-470 com a BR-101, no Km 10, em direção a Blumenau. A falta de iluminação habitual da rodovia fica ainda mais evidente pela ausência de construções em volta da pista. As faixas do asfalto, sobretudo a branca que fica na lateral da pista, intercalam trechos com pintura desgastada. Para dificultar, muitas das tachas refletivas, os populares “olhos de gato”, estão quebradas, foram arrancadas ou já não refletem da forma ideal.
– As condições são mesmo ruins. Se estiver chovendo ou com neblina, então, manter o caminhão na estrada vira uma tarefa complicada – atesta o caminhoneiro paranaense Valdir de Luca, 38 anos, que passa em média duas vezes por mês na BR-470.
Ondulações no asfalto próximo ao trevo da BR-101 também chamam a atenção. A partir do km 33, já em Gaspar, as luzes de estabelecimentos e ruas à beira da rodovia diminuem a sensação de penumbra. Já em Indaial, a partir do Km 64, um trecho menor de escuridão volta a exigir cuidado. Se a maior urbanização em Blumenau e Indaial ajuda na visibilidade, traz em contrapartida o maior fluxo de veículos e número de cruzamentos.
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Mesmo com a retirada de placas de identificação de quilometragem em trechos onde as obras de duplicação já chegaram, as sinalizações de velocidade máxima e proibições de ultrapassagem permanecem visíveis às margens da rodovia. Algumas, porém, estão sujas ou danificadas pela ação do tempo. No caso mais extremo, embora pontual, uma placa de limite de velocidade no Km 68 acabou de cabeça para baixo.
– Passo pela BR-470 de uma a duas vezes por semana e realmente acho muito perigoso à noite. As faixas estão praticamente apagadas e é preciso ficar muito atento ao volante – conta o morador de Navegantes Claudemir Ferreira, 36 anos.
Desnível em pontes
Além da escuridão e dos trechos com faixas desgastadas no asfalto, a rodovia também esconde outras armadilhas. Uma das principais situações são desníveis em cabeceiras de pontes sobre ribeirões. A situação força principalmente os caminhões que passam pelo local a reduzirem bastante a velocidade nesses locais.
Foi na ponte do Km 21, em Ilhota, que na tarde da quarta-feira o caminhoneiro Vilmar Laurentino de Andrade, 33 anos, ficou pelo caminho. Ao passar na cabeceira com o caminhão carregado, dois pneus ficaram totalmente destruídos. Resultado: quase quatro horas perdidas para esperar o socorro e prejuízo de cerca de R$ 2 mil com os pneus novos, trocados apenas no início da noite.
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– Não costumo passar por aqui e, quando vi, só percebi o solavanco e os pneus estourando. É uma vergonha deixar a rodovia com esse tipo de problema – conta.
Novo contrato depende de empenho, diz DNIT
Por meio da assessoria de imprensa, a superintendência do DNIT em Santa Catarina informou que a manutenção do trecho entre os Kms 0 e 73 da BR-470 foi retirada de um contrato do Programa de Conservação, Restauração e Manutenção e incluída em um pregão eletrônico concluído em maio, no valor total de R$ 24 milhões. Para que a mudança de contrato seja efetuada e os serviços iniciem, no entanto, é necessário o empenho de R$ 3 milhões, que depende de liberação do governo federal e ainda não tem prazo para ocorrer. Neste novo contrato estaria prevista, além da manutenção, a recuperação de toda a sinalização enquanto a duplicação não for concluída.
Situação da duplicação
Lote 1 (Km 0 ao 18 – entre Navegantes e Ilhota)
Empresa: Consórcio Azza-Sogel
Situação: Execução de aterro, remoção e substituição de solo inservível, execução de geodreno, colchão drenante, obras-de-arte especiais, remoção e tratamento de solos moles e terraplenagem. Frentes restritas por conta da necessidade de desapropriação, interferência de gás (SCGás) e oleoduto (Transpetro).
Estágio: 16% da obra executada
Lote 2 (Km 18,6 ao 44,9 – entre Ilhota e Gaspar)
Empresa: Consórcio Ivaí-Setep
Situação: Execução de aterro, remoção e substituição de solo inservível, execução de geodreno, colchão drenante, obras de arte especiais, remoção e tratamento de solos moles e terraplenagem. Frentes restritas por conta da necessidade de desapropriação, interferência de gás (SCGás) e oleoduto (Transpetro).
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Estágio: 31% da obra executada
Lote 3 (Km 44 ao 57 – entre Gaspar e Blumenau)
Empresa: Sulcatarinense
Situação: Obra paralisada devido à necessidade de desapropriações
Estágio: o DNIT não soube informar o percentual de execução
Lote 4 (Km 57,8 a 73,2 – entre Blumenau e Indaial)
Empresa: Sulcatarinense
Situação: Contrato paralisado. Depende de desapropriações para abertura de frentes de obras.
Estágio: o DNIT não soube informar o percentual de execução