A falta de iluminação no trecho de serra da SC-418, conhecida como Serra Dona Francisca, já é antiga em Joinville. O problema, aliado à imprudência dos motoristas e as situações climáticas desfavoráveis ao tráfego de veículos, aumentam ainda mais o risco de acidentes na rodovia, que já registrou 11 mortes em dez meses em 2019.
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As condições pioram ainda mais quando chove e no período da noite, quando a neblina dificulta a visão dos motoristas. Para quem não costuma passar pelo local com frequência, a atenção precisa ser redobrada para evitar acidentes no trecho de aproximadamente sete quilômetros de serra.
A reportagem de "AN" trafegou pelo local durante a noite e observou que apenas em um trecho de menos de dois quilômetros, que vai do "pé" da serra até antes de começarem as curvas mais perigosas, há iluminação funcionando. A partir disso, o trajeto é todo no escuro. Até há postes no caminho, mas nenhuma luz.
O sistema vem sendo alvo de furtos desde o final de 2015. O pedreiro Antônio Orestes Galdino Oliveira, 57 anos, mora no trecho inicial da serra e conta que os furtos acontecem de noite, o que dificulta identificar os autores do crime.
– Faz três anos que estamos no escuro aqui. Nós precisamos fechar o comércio mais cedo porque não temos segurança, mas a Cosip continua sendo cobrada mesmo depois de termos perdido a iluminação – conta.
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Os motoristas também encontram dificuldades ao trafegar pela serra. Com os faróis do veículo é possível enxergar as placas e a sinalização horizontal, como faixas e taxões instalados no asfalto. O farol de milha também ajuda a enxergar melhor o trajeto, mas, ainda assim, é complicado trafegar pela rodovia no escuro. O mirante da serra, frequentado durante o dia por turistas que param para apreciar a vista, também fica totalmente no escuro no período da noite.
O engenheiro Marcelo Senn, 30 anos, mora em São Bento do Sul e passa com frequência pela rodovia. Segundo ele, a escuridão prejudica os motoristas que sobem e descem a serra, que ficam sem segurança e tem dificuldades nas ultrapassagens.
– Tem que ter atenção redobrada. A dica que dou para quem está conduzindo à noite, principalmente, é vir com muita cautela. Se o tráfego estiver muito intenso, é preciso reduzir ainda mais a marcha e ir com calma porque a serra é muito perigosa – sugere.
O problema com a falta de iluminação deve demorar para ser resolvido: a Secretaria de Estado de Infraestrutura não tem prazo para que a luz volte a iluminar a rodovia. Antes de ficar no escuro, o Estado investiu mais de R$ 1 milhão, mas os cabos de cobre foram furtados mais uma vez. O investimento havia sido na instalação do cabeamento, postes e lâmpadas novas.
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– O pessoal descobriu que estava funcionando e foi roubar. O cabeamento de cobre foi furtado e a parte dos postes danificada por vândalos – conta o secretário Carlos Hassler.
Busca é por novas opções de tecnologia
O objetivo da Secretaria de Infraestrutura agora é encontrar uma nova tecnologia para viabilizar a iluminação sem o risco de furtos e de “jogar os investimentos no lixo”. Carlos Hassler citou exemplos de sensores de luminosidade, bateria solar ou algum tipo de dispositivo que não precise de cabos de cobre, que são vulneráveis à ações criminosas.
– Estamos em tratativas com empresas que tenham essa tecnologia para estudarmos qual a mais apropriada para a serra. Depois que fizermos a escolha, vamos para a questão de licitação e aquisição. Agora, não temos como fazer a estimativa de investimento porque ainda não houve a definição dessa tecnologia – explica o secretário.
A recuperação da iluminação também é alvo de cobrança do Ministério Público em uma ação civil pública aberta em fevereiro de 2018 pela 15ª Promotoria de Justiça. A ação foi motivada por denúncias relatando a ausência de iluminação, má conservação da pista e sinalização precária da rodovia SC-418.
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Até sexta-feira, o jornal A Notícia e o Jornal do Almoço, da NSC TV, veiculam uma série de reportagens sobre a SC-418 e a Serra Dona Francisca, apontando problemas e buscando soluções para a rodovia estadual.