Motoristas de aplicativo reclamam um espaço para esperar passageiros junto ao novo Aeroporto Internacional de Florianópolis. O clima de insatisfação aumentou na terça-feira (1), quando a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) abordou veículos que estavam parados no acostamento da via que leva ao terminal, o que é uma infração de trânsito.

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Nesta quarta-feira (2) o problema foi o estacionamento em um terreno próximo ao aeroporto. Segundo Luciano da Silva, motorista de aplicativo e membro de um grupo de profissionais que se concentra em terminais aeroportuários, essa prática garante que os motoristas entrem numa "fila virtual" para atender os chamados dos passageiros.

— Se a gente não ficar perto do aeroporto, não vamos ter fila, nada… O terminal é um lugar em que chegam muitas pessoas. Não tem condições, com preço da gasolina hoje, de ficarmos rodando o tempo todo. Isso pesa no nosso bolso.

O motorista diz ainda que quando o antigo terminal funcionava, a mesma concentração de carros que causou polêmica na manhã desta quarta-feira já acontecia, mas na praça do bairro Carianos.

— Ninguém nunca reclamou que a gente ficasse lá, agora estamos à deriva — afirmou.

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A opinião, porém, não é unânime na categoria. Robson dos Santos, outro motorista de aplicativo que afirmou fazer parte da Associação de Motorista de Aplicativos de Santa Catarina (Amasc), entrou em contato com a CBN/Diário e afirmou em entrevista ao Notícia na Manhã desta quarta que não concorda com a delimitação de uma área específica para os carros de motoristas que se concentram no aeroporto, mas afirmou que há uma negociação para melhorar a estrutura da região.

— Esse pessoal está muito equivocado no que está fazendo. Eles estão ficando muito em cima do aeroporto. O terminal está em funcionamento há dois dias, e no decorrer da semana nós devemos ter um espaço para nós.

Outros motoristas de aplicativos se manifestaram pelo whatsapp da CBN Diário (99181.3800), a maior parte das mensagens em defesa da posição de Luciano, que reclama da falta de espaço no novo terminal.

A Polícia Militar Rodoviária confirmou que abordou motoristas de aplicativo parados sobre o acostamento do acesso ao novo aeroporto nessa terça-feira. O argumento, segundo o comandante da corporação coronel Evaldo Hoffmann, é a segurança do trânsito e dos próprios motoristas. Ele não confirmou, porém, que tenha acontecido outra abordagem na quarta aos motoristas que estariam em um terreno próximo ao aeroporto.

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— Precisamos encontrar uma solução definitiva, e não paliativa. Entendemos que esses motoristas estão trabalhando e precisam trabalhar, mas não podemos comprometer a segurança do trânsito.

O debate instaurado por meio de manifestações de motoristas e mensagens enviadas à CBN/Diário remete à concepção do serviço de rodar e não ficar parado em um ponto, como os táxis.

Sobre este assunto, a Uber — uma das primeiras empresas a implementarem o transporte por aplicativos no Brasil afirmou por meio de nota (íntegra):

Conforme exposto no Código de Conduta da Comunidade Uber, esperamos que os motoristas parceiros que usam o aplicativo cumpram sempre todas as leis federais, estaduais e municipais e respeitem as normas de trânsito, como a sinalização de parada e estacionamento, como qualquer cidadão habilitado para conduzir veículos.

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Em relação ao mecanismo de preço dinâmico, esclarecemos que o comportamento sugerido não é permitido na plataforma da Uber e configura uma violação aos Termos e Condições de adesão ao aplicativo. A tecnologia da Uber tem mecanismos que previnem que este tipo de comportamento seja recorrente e contamos com equipes e tecnologias próprias que constantemente analisam viagens para identificar possíveis violações e, caso sejam comprovadas, banir os envolvidos da plataforma.

Em nota emitida na tarde desta quarta-feira (2), a Floripa Airport informou que as empresas de aplicativo de transporte têm se negado a negociar um contrato com a concessionária para garantir uma área específica e sinalizada de embarque e desembarque de passageiros e vagas dentro do estacionamento para os motoristas.

Prossegue a nota: "Neste momento, a Floripa Airport considera a operação dos aplicativos de transporte ilegítima, pois não existe uma relação contratual com o aeroporto." A concessionária acrescenta que os carros que operam com aplicativos têm permissão para acessar a área de embarque e desembarque até que se estabeleça uma relação comercial, e podem ficar até 10 minutos.

Confira a nota na íntegra:

Para a operação no novo terminal, a Floripa Airport vem procurando conversar com as empresas de aplicativos de transporte, que tem se negado a negociar um novo contrato para esta operação.

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Vale ressaltar que todas as empresas que têm operação comercial no aeroporto têm contrato com a Floripa Airport. O contrato garante aos passageiros um nível de serviço compatível com o padrão de qualidade inerente à concessionária do aeroporto. Essa é uma prática que se aplica para as empresas de aplicativo de transporte e segue uma linha usada em aeroportos no Brasil e no mundo. A concessionária está atenta a tratar todos os parceiros de forma isonômica e, nesse sentido, as cooperativas de taxis também possuem contrato com a concessionária.

Neste momento, a Floripa Airport considera a operação dos aplicativos de transporte ilegítima, pois não existe uma relação contratual com o aeroporto. De qualquer forma, levando em consideração o conforto dos nossos passageiros, todos os aplicativos têm permissão da Floripa Airport para acessar, por enquanto, a área de embarque e desembarque até que se estabeleça uma relação comercial. Como os demais motoristas, são 10 minutos à disposição para embarque e desembarque de passageiros no meio-fio. Assim, esclarecemos que não é verdade que a concessionária do aeroporto está bloqueando o acesso dos carros de aplicativos de transporte ao aeroporto.

Outras empresas que operam aplicativos de transporte por carros em Florianópolis não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

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