No litoral do Espírito Santo, a ameaça que paira sobre as tartarugas marinhas não está ligada exatamente ao efeito estufa, mas à falta de educação, informou o Jornal Nacional, da Rede Globo. É contra isso que os voluntários estão trabalhando. Uma rede foi colocada às margens da foz do Rio Doce, no norte do Estado, para chamar atenção.
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– É muito lixo. Desce muita coisa desse rio – contou o pescador Humberto Soares.
O lixo na areia, na beira do rio, se acumula e, no encontro das águas, chega ao mar e à praia. Poderia ser pior, não fosse uma turma de moradores da vila de Regência, que já percebem que é preciso ter consciência.
– Todo ano tem que limpar pra tentar manter a praia bem limpa – disse o estudante Adaílton Alcântara.
A praia é área de desova de tartarugas. Os pesquisadores dizem que elas são como sentinelas para o meio ambiente. Se encontram poluição no novo lar, podem viver bem menos do que o esperado. Muitas delas confundem o lixo com comida. Têm as que sobrevivem por conta própria, conseguem expelir o material, outras têm a chance de resgate, são colocadas em tanques e tratadas por especialistas. E têm as que não resistem.
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Não é para menos. Uma grande quantidade de lixo, sem nada orgânico, foi encontrada dentro de uma única tartaruga verde, que não tinha cinco anos: plástico, linhas diversas, pedaços de embalagem e de lacre de tampa de garrafa, botão de camisa, isopor. O animal poderia viver até 80 anos.
O brilho da Baía de Vitória não esconde outro problema: o esgoto. Em algumas horas de trabalho, do Projeto Tamar, oito tartarugas foram recolhidas para análise. Todas apresentam tumores que crescem e podem comprometer movimentos. Animais doentes são sinal de poluição.
– As pessoas ainda continuam jogando saco na praia, ponta de cigarro, tampa de garrafa. É comum, a gente vê em todas as praias. Está faltando consciência individual – acredita João Carlos Tomé, coordenador do projeto.