No jargão do capitalismo, tempo é dinheiro. Pergunte a um empresário do Norte catarinense, hoje, se esta máxima vale para a BR-280. Ele vai explicar que um caminhão carregado chega a levar uma hora e meia para percorrer 20 quilômetros entre Jaraguá do Sul e Guaramirim. Se o projeto de duplicação saísse do papel, este tempo poderia cair para 15 minutos.

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– No horário de pico, depois das 17 horas, para tudo. Para levar a carga, é preciso cortar toda a cidade – diz Jonathan Garcia, empresário do setor de transportes.

A disputa com o trânsito urbano deixa as empresas de Jaraguá do Sul em desvantagem.

– O navio não espera a carga. Já aconteceu de o congestionamento atrasar a entrega e o embarque ficar para o dia seguinte – conta o empresário, que também é vice-coordenador do núcleo das transportadoras da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs).

Com o projeto de duplicação da BR-280, o trânsito seria desviado por fora de Guaramirim e Jaraguá em um rodoanel. O novo trajeto teria cerca de 18 quilômetros.

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– Com uma velocidade de 60 quilômetros por hora, daria para percorrer o trecho em 18 minutos. Dá para dizer que o percurso ficaria quatro vezes mais rápido – atesta Jonathan.

A defesa da duplicação da BR-280 levou o núcleo de transportadoras da Acijs a criar camisetas, faixas e adesivos para reivindicar a realização da obra. A causa chega a emocionar Orlando Gilberto Gonçalves. Coordenador do núcleo, ele embarga a voz e mareja os olhos ao pensar nas famílias que já perderam parentes nas estradas. Por isso, faz um apelo.

– Senhor presidente, olhe para a BR-280. Nós precisamos desta duplicação já – diz o empresário.

O fluxo intenso acaba exigindo investimentos em infraestrutura que acompanhem o crescimento da região. Somando Jaraguá do Sul, Joinville, São Bento do Sul e Guaramirim, o número de fábricas na região alcança 3.681. A marca equivale a 12% das 30.247 indústrias catarinenses, de acordo com o levantamento Santa Catarina em Dados 2009, da Fiesc. Enquanto isso, a obra de duplicação segue parada.

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O Departatamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informa que investimentos em manutenção foram feitos no período. Desde 2005 até agosto deste ano, foram gastos em manutenção, conservação e restauração R$ 70 milhões com a estrada, segundo o departamento.

O porto precisa da duplicação

Cerca de 400 caminhões carregados chegam todos os dias ao Porto de São Francisco do Sul. E o movimento tem crescido: nos primeiros dez meses do ano, o terminal movimentou 41% a mais em volume de carga do que no mesmo período de 2008. Foram 553,9 mil toneladas de janeiro a outubro de 2009.

Segundo o diretor de logística do porto, Gilberto de Freitas, hoje o acesso rodoviário não é o principal gargalo de funcionamento do terminal. Mas com os investimentos previstos para os próximos anos, a duplicação da BR-280 será fundamental. Já foi lançado pelo governo federal um edital para a dragagem no canal de atracação do Porto de São Francisco. Quando ficar pronto, a profundidade passará de 11 para 14 metros. Para a obra, serão investidos R$ 110 milhões.

– Com a dragagem, vamos ter um incremento de 30% na capacidade de operação. Isso vai dar condições de o porto atrair embarcações maiores – diz Gilberto.

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Além da dragagem, o Porto de São Francisco do Sul está recebendo investimentos nos berços de atracação. Em julho, o Ministério dos Portos autorizou o início da licitação para construir o berço 401A. O cais terá uma plataforma de 19 metros de largura e 280 metros de comprimento e vai atender a navios com capacidade para até 75 mil toneladas. O berço será o novo terminal de cargas a granel. Com isso, o berço 101 vai virar uma área para embarque de contêineres.