Você faz check-in na empresa: último dia de trabalho antes das férias. Em casa, fotografa a fofura do seu animal de estimação brincando no jardim. Um selfie no carro para contar que a viagem está ótima. A emoção da primeira apresentação do filho no Dia das Mães na escolinha. Outro check-in: finalmente em casa depois da rotina cansativa. A essa altura, qualquer um sabe onde você trabalha, supõe que é casado, tem ideia do tamanho da casa, sabe que você tem ao menos um filho, reconhece a escola que ele frequenta e tem noção de qual carro você tem.

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Por mais inocente que aparente ser, qualquer informação publicada em uma rede social é uma peça do quebra-cabeça que conta tudo sobre a sua vida. A questão voltou a ganhar relevância quando o sequestrador do menino Angelo Antonio, 9 anos, contou que usou as informações dispostas nas páginas pessoais da família no Facebook para planejar a ação.

>> Redes sociais determinam idade mínima para ter acesso

Foi a partir das informações publicadas na rede que o suspeito de arquitetar o crime, Peterson da Silva Machado, 30 anos, deduziu que a família teria condições de bancar o resgate de meio milhão de reais. Também foi pelo site de relacionamentos que descobriu onde Angelo estuda e os lugares que frequenta. O garoto foi sequestrado em Ilhota, quinta-feira passada, e encontrado com vida no cativeiro, em Penha, nesta terça.

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É fundamental, ao fazer publicações em redes sociais, determinar quem pode ou não ter acesso ao conteúdo, alerta Daniel Hexsel, escrivão e professor de crimes cibernéticos da Academia da Polícia Civil de SC (Acadepol). Hexsel recomenda cuidados (veja tabela) ao publicar informações, como nunca fazer check-in em lugares que costuma frequentar e, muito menos, em casa.

– Esse tipo de criminoso está sempre analisando oportunidades de novos crimes. Com o Facebook ficou mais fácil. Agora eles não precisam mais fazer campana. É só pesquisar pela internet. Por isso é preciso ter muito cuidado com o que é exposto – explica Hexsel.

O uso que os brasileiros fazem do Facebook está relacionado ao jeito brasileiro de ser, acredita Fabricio Bortoluzzi, especialista em Direito e Crimes na Internet e professor do curso de Ciências da Computação da Univali. Ele constata que o modo expansivo e com poucos pudores na hora de falar de si é reproduzido na internet.

– A rede é mais um meio do cidadão se expressar. Mas há uma superexposição. As pessoas vão acabar entendendo as consequências disso quando coisas ruins acontecerem, como foi o caso, infelizmente, dessa família – conclui Bortoluzzi.

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>>> Confira algumas dicas de como agir nas redes sociais

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