As chuvas abaixo da média nos últimos três meses afetaram também as lavouras em Santa Catarina. Embora o impacto ainda não seja grande, pois é um período em que não há tantas culturas no campo, já são sentidas perdas nas pastagens, no desenvolvimento das lavouras de trigo e na germinação de lavouras de milho.
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O analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa/Epagri), João Rogério Alves, disse que tirando algumas culturas irrigadas, como alho e cebola, as demais culturas no campo estão sentindo a falta de umidade. Ele ressaltou que o manejo do solo para as culturas de verão ficou prejudicado e no trigo já há relatos de prejuízo. Com isso a produção, que era estimada em 153 mil toneladas, 3% menor do que as 162 mil toneladas do ano passado, deve ter uma queda mais significativa.
– Na região de Campos Novos, Canoinhas, há informações de perdas de 20% nas lavouras. Em todo o estado deve cair pelo menos 10%. As plantas não desenvolveram bem e ficaram mais baixas do que o normal. A falta de chuva também impacta na produção de leite, pois as pastagens secaram antes e os criadores tiveram que partir para o uso de silagem ou feno – disse Alves.
O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Bovinos, Félix Muraro Júnior, disse que quem cria as vacas em ambiente fechado tem menos impacto, mas quem usa pastagem está sofrendo bastante.
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– A produção de leite a pasto teve uma queda de 10 a 15% e vai elevar os custos pois os produtores tiveram que antecipar o uso de silagem. Pode faltar silagem lá na frente –disse.
Isso porque além do pasto ter acabado antes as lavouras de milho que foram semeadas não germinaram direito por falta de umidade. Félix Muraro Júnior disse que plantou 100 hectares de milho e a colheita vai atrasar umas duas semanas pois as plantas não desenvolveram. Nos 50 hectares de trigo ele também teve perdas mas não sabe quanto ainda.
O engenheiro agrônomo Ferdinando Brustolin, da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), também estima uma quebra de 10 a 12% nas lavouras de trigo na região de Chapecó.
Nas lavouras de milho, que já estão entre 40% e 50% implantadas, ele afirmou que tem algum prejuízo mas é pontual.
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– Não é algo expressivo, o que vai prejudicar é para quem pretendia fazer duas safras –explicou.
O engenheiro agrônomo do Cepa/Epagri Haroldo Tavares Elias disse que o impacto nas lavouras vai depender das chuvas nos próximos dias, pois o período ideal para o plantio de milho no Oeste é na primeira quinzena de setembro.