A falta de ambulâncias do Samu de Joinville é alvo de investigação do Ministério Público. O caso chegou à Promotoria após denúncia do vereador Cassiano Ucker (União Brasil) que relatou que, dos quatro veículos básicos de atendimento pré-hospitalar, apenas um estava disponível para o serviço.

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Em entrevista ao A Notícia, o parlamentar disse que fez uma visita à base do Samu na última quinta-feira (29) e, em conversa com médicos e outros profissionais da central, foi informado que três das ambulâncias estariam paradas aguardando manutenção. No dia seguinte, portanto, Cassiano levou a situação ao MP.

Um dia depois, no sábado (1°), segundo o vereador, o único veículo em funcionamento sofreu um acidente. Conforme o motorista contou aos policiais militares, o veículo ficou sem freio e parou no canteiro de obras do elevado no Distrito Industrial. Com isso, apenas as ambulâncias avançadas ficaram disponíveis para o atendimento da população, conforme relatou um trabalhador do Samu ao vereador.

— Só que as avançadas são para atender Joinville e região, não dá para mandar em todas as ocorrências. E, como são duas, elas são direcionadas para situações mais graves — explica Cassiano.

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Na cidade, o serviço do Samu é dividido em dois, sendo a prefeitura responsável pelas unidades básicas, que conta com equipe própria composta por enfermeiro e motorista; e o Estado, com equipe terceirizada, fica responsável pelas unidades avançadas, que possuem UTI móvel e médicos. Todos os veículos, no entanto, são fornecidos pelo município.

Após a denúncia do vereador, o MP instaurou uma notícia de fato na terça-feira (4) e deu prazo de dez dias para a prefeitura e também ao Samu para explicar a suposta insuficiência no serviço e a situação das ambulâncias.

Com relação ao acidente do fim de semana, o vereador ainda diz que pediu para que o Ministério Público vistoriasse a unidade que saiu da pista por uma possível falha mecânica, mas a promotoria respondeu que fazer vistorias não faz parte de sua atribuição.

“Além disso, a realização da perícia exigiria que as ambulâncias permanecessem paradas, o que deixaria a população sem assistência por esses veículos por período relevante”, salientou o promotor de Justiça Felipe Schmidt.

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Conflito de versões

Por nota, a prefeitura confirmou que os quatro veículos, de fato, precisaram de manutenção recentemente. Diante desta situação, e também por causa do acidente de sábado, “para evitar prejuízos no atendimento”, o município argumenta que destinou, temporariamente, duas ambulâncias da Secretaria da Saúde para as equipes do Samu.

Além disso, acrescentou que desde terça-feira (4), dois veículos que estavam em manutenção voltaram a operar, “somando quatro ambulâncias em funcionamento”. A prefeitura também ressaltou que possui convênio com os bombeiros voluntários para utilização de duas ambulâncias da corporação para, se necessário, sejam utilizadas em ocorrências.

No texto, o poder público municipal ainda cita que deve lançar, nos próximos dias, um edital para a contratação de uma empresa que forneça ambulâncias locadas, já com previsão de manutenção e reposição no contrato. Em paralelo a isso, informou que vai lançar também outro edital para contratação do serviço de manutenção específico para esses quatro veículos “que atualmente são de propriedade da Secretaria da Saúde”.

Cassiano, por sua vez, criticou este remanejo de ambulâncias já que, com isso, em seu entendimento, o serviço da Saúde ficaria “desguarnecido”. O vereador ainda citou que, em contato com o comando dos socorristas voluntários, a assessoria de imprensa respondeu que a corporação “não tem convênio desse gênero com a prefeitura”.

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O parlamentar também se posicionou de forma contrária aos editais que devem ser lançados nos próximos dias.

“Será que a solução para todos os problemas da saúde de Joinville é a terceirização? Falta competência para gerir, e sensibilidade com a população, que é a grande prejudicada. A prefeitura admite que não havia contrato, e portanto não havia manutenção. Foi preciso tornar público o sucateamento das ambulâncias, na imprensa, e um acidente acontecer, para o município lançar um edital para a manutenção das viaturas?”, questionou, em nota rebatendo o posicionamento da prefeitura.

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