Segundo projeções da prefeitura de Bombinhas, a cidade recebe entre dezembro e fevereiro uma população flutuante de 100 mil pessoas. O número é quase 10 vezes maior do que a quantidade de moradores fixos, e os problemas de infraestrutura nesta época do ano parecem se multiplicar na mesma proporção.

Continua depois da publicidade

Há pelo menos 20 dias, quando começou a alta temporada de verão, o município sofre com problemas no abastecimento de água. Além da população, o turismo e a economia de Bombinhas também são prejudicados com o problema no serviço público.

Imobiliárias registram cancelamentos nos aluguéis e inquilinos que vão embora mais cedo em razão da falta de água. Em pousadas e hotéis o transtorno só não é maior porque a maioria deles tem reservatórios suficientes para as demandas.

– Estamos perdendo clientes pela falta de água. No Natal e Ano-Novo tivemos que devolver várias diárias porque não tem condições do turistas ficar aqui desse jeito – lamenta a corretora Gisele Solange Portelles Schaffer.

Na imobiliária onde ela trabalha houve problemas com reservas em pelo menos 40% das casas e apartamentos. Caminhões-pipa de cidades vizinhas foram contratados para amenizar a situação do fornecimento, mas como as dificuldades ocorrem em toda a região, é difícil até encontrar este tipo de ajuda na quantidade necessária.

Continua depois da publicidade

Na casa de Rosmary Fabizaqi, 49 anos, o abastecimento está comprometido desde 27 de dezembro do ano passado. A água chega na residência apenas à noite, mas em quantidade muito reduzida e insuficiente para encher a caixa d´água. O jeito é recorrer ao supermercado.

– Compramos água mineral pra cozinhar, beber e até tomar banho. Em 24 anos que vivo aqui esta é a pior temporada – considera a senhora.

De acordo com moradores, diversos veranistas teriam até registrado boletim de ocorrência por se sentirem lesados com a falta de água e o não ressarcimento de aluguéis pagos antecipadamente. A informação, porém, não foi confirmada pela Polícia Civil de Bombinhas.

Ação judicial

Quem faz o abastecimento de água em Bombinhas é a Casan, que tem um acordo com a empresa responsável pelo fornecimento em Porto Belo, a Conasa. Como em Bombinhas não há manancial, a cidade vizinha fornece, por meio de contrato, determinado volume de água diariamente. Conforme a Conasa, a estiagem na região é o principal motivo para os problemas de falta de água.

Continua depois da publicidade

Para garantir o atendimento adequado a Casan entrou com uma ação judicial, que foi concedida pela Comarca de Porto Belo, obrigando a Conasa a cumprir o contrato e disponibilizar 60 litros de água por segundo em janeiro. A previsão dos técnicos da Casan é que até o início da próxima semana a situação será normalizada.

Uma reunião entre as empresas e as prefeituras de Bombinhas e Porto Belo na sexta-feira determinou que, no caso da vazão do manancial de captação não suportar o volume de água previsto no contrato, a distribuição deve ser igual entre os dois municípios.

– A grande vilã é mesmo a estiagem. É preciso usar a água com racionalidade e, se não chover, o problema pode durar até 10 de janeiro – diz o assessor da diretoria da Casan, Carlos Mello Gonçalves.

A reunião de sexta-feira também definiu que o Ministério Público de Santa Catarina e a Polícia Ambiental vão promover controle intensivo do uso da água nos mananciais. A ação atinge principalmente a rizicultura, já que a prioridade é o consumo para o ser humano.

Continua depois da publicidade