A população tem enfrentado falta de água e de energia elétrica na Grande Florianópolis desde o início da temporada de verão. O problema é recorrente nesta época do ano, quando o número de habitantes, principalmente de cidades litorâneas, aumenta em função do turismo no Estado.
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:::Casan admite que água nunca esteve tão turva
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A proprietária de uma padaria no bairro Ipiranga, em São José, Patrícia Correa Ronsani, ainda não contabilizou o prejuízo financeiro que teve com a falta de luz de quatro dias consecutivos – sexta, sábado, domingo e segunda-feira – mas teve que jogar no lixo mais de 50 quilos de pão de trigo prontos para assar, calzones congelados, além de quilos e mais quilos de embutidos, bolos e outros doces que azedaram após mais de 12 horas sem luz.
– Pago uma conta altíssima, sempre certinho. A gente liga para a Celesc e eles demoram horas para chegar, e não informam direito qual o problema. Vem aqui e consertam, mas não demora muito para acontecer de novo. Pelo menos umas três vezes por mês é a mesma coisa – reclama.
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Problemas ocorreram devido a tempestades, diz Celesc
De acordo com o chefe da divisão técnica da Celesc, engenheiro Adriano Luz, a falta de luz energia registrada no Bairro Ipiranga, foi ocasionada pelas tempestades e vegetação na rede. Ele garante que não houve problemas nos transformadores:
– No ano passado houve um aumento do consumo na região, e realmente tivemos problemas, mas fizemos grandes obras e melhoramos a rede. Temos 18 equipes para atender na Grande Florianópolis, e priorizamos as situações de risco -, explicou.
A Celesc também esclarece que o grande número de tempestades tem causado desligamentos no sistema elétrico em várias regiões, mas não tem registro de sobrecargas.
Água apresenta coloração diferente
Em Palhoça, a falta de água tem sido recorrente. Em alguns bairros, a água só chega de madrugada, e completamente turva. Na semana passada, a prefeitura do munícipio entrou com ação judicial contra a Casan por suposta quebra no acordo em relação à água fornecida para a cidade. Segundo o município, a falta de água estaria acontecendo devido à baixa vazão de água fornecida pela companhia.
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Thays da Silva, moradora do bairro Pacheco, reclama que com a água da cor que tem vindo, não dá para fazer nada:
– É uma humilhação, com essa água amarela não dá pra lavar roupa nem para cozinhar. Beber a gente não bebe mesmo, mas está ficando um nojo, cada vez pior – lamenta.
Doze dias sem água
No bairro Monte Cristo, na Capital, há 12 dias moradores enfrentam o problema. Shayane Cristine de Souza conta que está prestes a fechar seu pequeno mercado, pois afirma que não tem mais como lavar louça e produzir os alimentos da padaria:
– A comunidade pede socorro. Minha caixa e a cisterna já esvaziaram. Tenho um filho especial e tive que leva-lo para casa da avó, pois não tem condições de ficar em casa sem poder tomar nem um banho – disse.
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Em outros bairros de Florianópolis, São José e Biguaçu o problema é o mesmo. Todos os dias dezenas de leitores ligam para a Hora de Santa Catarina para reclamar da falta d’água.
O que dizem a Casan e a Samae
A Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris) diz possuir documentos de dezembro com provas da vazão mais baixa. Em dezembro, moradores que entraram em contato com a Samae Palhoça – responsável pelo serviço na cidade – também foram informados de que a Casan estaria diminuindo a vazão.
Já a Casan contesta as críticas e afirma que não reduziu a distribuição de água. Segundo a companhia, medições de janeiro mostram que a vazão média foi maior que 420 litros por segundo, o que estaria inclusive acima do ideal.
Quanto à cor da água, a Casan culpa a alta incidência de temporais em Santa Catarina e admite que nunca esteve tão turva como agora, mas garante que não há riscos à saúde. Segundo a Casan, o Estado não registrava 25 dias consecutivos com tantos temporais há 60 anos. A chuva faz com que a água captada pela Casan na Grande Florianópolis chegue ao tratamento com galhos, folhas e barro, aumentando o tempo de tratamento. O cuidado no tratamento provoca uma vazão menor do que a habitual em alguns bairros de Florianópolis, Biguaçu, São José e Palhoça.
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Com relação ao Monte Cristo, a Casan informou que parte do bairro possui coleta, porém com o grande crescimento da região, inclusive com ocupações irregulares, há moradias que não contam com esse atendimento. Em função disso, Casan programa ampliar a rede na região, com investimento de R$ 200 mil para assentar 1.700 metros de rede coletora. A previsão é de obras no segundo semestre de 2015.
A companhia ainda pediu desculpas pelo transtorno e reiterou que caminhões-pipa podem ser solicitados pelo telefone 0800 643 0195, informando o número da matrícula.