Todo ano é a mesma coisa: basta o calor chegar, e moradores de uma das maiores cidades de Santa Catarina sofrem com a ausência de uma das principais necessidades humanas. A falta d?água não é novidade em Lages, na Serra, mas desta vez a prefeitura admite a dificuldade de solucionar o problema de maneira rápida e eficiente.
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A última ocorrência mais abrangente havia sido registrada no verão passado, quando seis dos 69 bairros da cidade sofreram com o problema durante os três meses da estação. Agora, o transtorno parece ser ainda maior, pois sete comunidades estavam afetadas até a tarde desta quarta-feira: Bela Vista, Novo Milênio, Penha, Pró Morar, Santa Clara, São Francisco e Tributo.
No Bela Vista, um dos maiores bairros de Lages, moradores enfrentam o problema há aproximadamente um mês. A pensionista Ladi Aparecida Moreira Rosa, de 51 anos, diz que desde o início de dezembro falta água todos os dias em sua casa.
– A gente só tem água de madrugada e fica o dia inteiro sem. Não conseguimos nem ter uma ceia de Natal decente. A louça está acumulando na pia da cozinha e não podemos sequer tomar banho. Isso é revoltante.
A poucos metros da casa de Ladi, o problema é ainda maior. Maria Inês Teixeira, coordenadora do Asilo Lar dos Idosos, considera a situação um descaso. Na instituição vivem 32 idosos que precisam de água o dia inteiro, mas não podem contar com o precioso líquido.
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– A higiene pessoal e do asilo, a alimentação, tudo está comprometido porque precisamos controlar o pouco da água que temos. Temos idosos que precisam tomar três banhos por dia, mas não está sendo possível. No ano passado tivemos que chamar um caminhão-pipa para encher nosso reservatório, pois ficamos sem nada. Temos uma caixa de sete mil litros, mas não é o suficiente. A situação é bem crítica.
Prefeitura admite dificuldade de solucionar o problema
A Secretaria Municipal de Águas e Saneamento (Semasa) admite o problema e a dificuldade de solucioná-lo. O secretário Jonas Alberto Ferreira garante que o órgão investiu bastante neste ano em obras para melhorar o abastecimento de água, mas salienta que no verão a demanda aumenta bastante por conta do calor, o que faz também crescer o desperdício.
Jonas destaca que a Semasa consegue produzir 570 litros de água potável por segundo, o equivalente a 50 milhões de litros por dia, para 47 mil ligações que atendem 156 mil moradores. Porém, admite que este volume fica abaixo da demanda, e aumentar a capacidade é algo impossível no momento.
– Temos três grandes reservatórios que não chegam a 50% durante a madrugada, quando deveriam chegar a 100%. Então lá pelas 14h ou 15h perdemos totalmente nossa autonomia, e o volume que entra vai direto para o consumo. Assim, cai a pressão e as partes altas da cidade ficam sem água.
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O secretário da Semasa lembra que o problema não é por conta da estiagem, já que o Rio Caveiras, que abastece Lages, está com bastante água. O gargalo é justamente no tratamento.
– Estamos no limite, e tratar mais que a nossa capacidade seria não garantir qualidade. Se o forte calor continuar, a demanda aumentará e vai faltar água. A saída agora é não desperdiçar.