A falta de fiscalização na aplicação de larvicidas para o combate de borrachudos pode estar contribuindo para a proliferação do mosquito na região rural de Joinville. O assunto foi levado à Câmara de Vereadores em reunião extraordinária na semana passada e a pauta foi motivada pela reclamação dos moradores.

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De acordo com Adilson Girardi (MDB), presidente da Comissão de Agricultura, que levantou a discussão, estiveram presentes na sessão associações de moradores dos bairros Vila Nova, Pirabeiraba e Costa, além de dois vereadores de Garuva, representantes da Secretaria do Meio Ambiente (Sama), da Unidade de Desenvolvimento Rural, Associação do Turismo Rural e da Epagri.

Com base no relato de pessoas que vivem em áreas rurais da cidade e de especialistas ouvidos, a conclusão que chegou-se foi a de que possa existir uma falha na fiscalização por parte da Sama na aplicação deste larvicida, já que o órgão conta com apenas três fiscais direcionados para esta situação.

O produto, chamado de BTI (Bacillus thuringiensis subsp. israelensis) deve ser aplicado, atualmente, em 2.600 pontos de rio da cidade, a cada duas semanas. Girardi afirma que o problema não está na eficácia do bactericida, mas sim na execução do processo de controle dos borrachudos.

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— O produto por si só não é eficaz se deixar de ser aplicado em algum ponto ou se for colocado em baixa dosagem, ou até mesmo se for aplicado quando o nível dos rios estiver muito alto. Então, o larvicida acaba sendo lavado e o dinheiro aplicado ali acaba sendo jogado pelo ralo — expõe o parlamentar.

Produto já vinha sendo usado e contrato tem valor milionário

O vereador ainda reforça que este mesmo larvicida biodegradável já era utilizado na gestão de Luiz Henrique da Silveira e, desde então, “funciona muito bem”. O previsto em contrato é que sejam feitas 5.200 aplicações por mês em pontos estratégicos. No entanto, caso haja esta falha na periodicidade, ou dosagem, desestrutura o trabalho de combate aos mosquitos.

Borrachudos em Joinville geram reclamação de moradores (Foto: Mariana Pereira, Arquivo AN)

A saída apresentada pela Comissão de Agricultura foi criar uma moção sugerindo que o município avalie a possibilidade de transferir esta fiscalização, que hoje é feita por fiscais da Sama, para a Unidade de Desenvolvimento Rural. Segundo Girardi, o comitê aguarda uma resposta da prefeitura.

Outra colocação feita, segundo o vereador, é de que, na próxima licitação para contratação deste serviço, seja incluída a possibilidade de se fazer esta fiscalização de forma online, como forma de controle. A ideia é que, no momento da aplicação do larvicida, o profissional informe, de imediato, em que ponto está fazendo o trabalho.

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A empresa contratada pelo município, atualmente, aplica e fornece o BTI. Girardi afirma que o contrato em vigência vence em junho deste ano e há a possibilidade de ser prorrogado, já que uma nova licitação já está em andamento.

— Hoje, o contrato que a prefeitura mantém [com a empresa] é de R$ 1,9 milhão. Então, é bastante dinheiro, e precisa dar resultado — destaca o parlamentar.

Problema antigo

Não é de agora que o assunto é debatido por políticos na cidade. Em 2011, a reportagem foi até Pirabeiraba e conversou com moradores da região. Com corpos marcados pelas picadas do borrachudo, relataram que é só o calor chegar, seguido de chuvas, que os insetos aparecem. A situação, reclamaram à época, atrapalhava o dia a dia nas lavouras.

Antes ainda, o tema já havia sido capa na edição do A Notícia de novembro de 1980. Na ocasião, o então deputado Nagib Zattar definiu o problema como “calamidade pública”.

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Capa do AN de 1980 já alertava sobre os problemas do borrachudo em Joinville (Foto: Arquivo A Notícia)

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