Da fresta da janela dos fundos da casa de dois pisos no Bairro Roçado, em São José, o técnico eletricista Evaldo Rocha Floriano, 50 anos, faz um desabafo quando nega dar entrevista. Conhecido na região em que mora pelas quase três décadas de trabalho na Celesc, prefere esquecer o acidente de 2003. Diz ficar incomodado com as repercussões do fato.

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– Falei tudo o que tinha de falar à minha empresa na época – declarou ao DC na quarta-feira.

Durante a semana, em pelo menos 15 telefonemas da reportagem a mulher do técnico adiantava a recusa do marido em lembrar aqueles momentos tensos.

– Ele nunca mais falou sobre isso e não é agora que irá falar de novo – comentou a mulher.

Na quinta-feira ela recebeu o DC na frente de casa e mais uma vez foi taxativa: Floriano não daria entrevista. O trauma nele foi tanto que após o acidente mudou de área e deixou o setor de manutenção em rede subterrânea da Celesc. Hoje atua na área de iluminação pública da empresa.

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Em depoimento no Ministério Público de SC, em 16 de dezembro de 2003, disse: “Fazia a terceira emenda. Conhecia o local. Não foi possível utilizar os ensinamentos passados pelo treinamento já que foi tudo muito rápido”.

– Foi um acidente e deu – confidenciou à reportagem na quarta-feira em meio às poucas palavras que pronunciara.

Na entrevista coletiva dos funcionários envolvidos no acidente, em 5 de novembro de 2003, Floriano foi o único entre os cinco técnicos que não apareceu e por isso também não foi fotografado na época. Teria se sentido mal.

Floriano é um dos dois servidores que caíram ao mar após a explosão. Em 2003, tinha larga experiência com o uso do maçarico. Pelo menos 17. Surpreendentemente, não sofreu nenhuma queimadura, nem mesmo superficial.

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No depoimento de Evaldo Rocha Floriano dado em 16 de dezembro de 2003 no Ministério Público de Santa Catarina, em Florianópolis, com a presença do Ministério Público Federal, o eletricista usou o maçarico na parte interna porque o soprador térmico não foi levado à galeria pois não havia como levá-lo até lá.
Floriano foi um dos que caíram na água após a explosão e o único dos cinco técnicos que não compareceu à entrevista coletiva dada pelo grupo após o apagão. As declarações constam no inquérito civil aberto para apurar o fato.

Ministério Público – É empregado da Celesc ou terceirizado?
Resposta – Que é empregado da Celesc.

MP -Qual a função exercida? Quais as atribuições dessa função?
Resposta – Que é técnico em manutenção em rede subterrânea.

MP – Estava no local dos fatos? Especifique?
Resposta – Que estava no local dos fatos fazendo a terceira emenda.

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MP – Quando saíram da Celesc rumo a ponte, as funções de cada um estavam pré-deteminadas? Estava pré-determinado quem faria a emenda com soprador térmico e quem faria a emenda com maçarico?
Resposta – Que as funções foram divididas no local.
MP – Quem coordenava os trabalhos? Quem era o chefe da equipe?
Resposta – Quem coordenava os trabalhos era o Jacques e depois o depoente.

MP – Qual o trabalho que estava sendo realizado na ponte?
Resposta – Confeccionar emendas nos cabos, duas na parte externa e uma na parte interna.

MP – Em que local da ponte esse trabalho estava sendo realizado (parte externa/interna)?
Resposta – Duas na parte externa e uma interna.

MP – O Senhor já tinha estado na área do trabalho, em especial na galeria?
Resposta – Que já conhecia o local, já tendo estado lá por várias vezes.
MP – Qual o processo usado para a execução desse trabalho? É o mesmo para a parte interna e externa? Se diferente, por quê?
Resposta – Que nas duas emendas externas foi utilizado o soprador térmico e na interna foi o maçarico, que não foi utilizado o soprador na parte interna porque não tinha como deslocá-lo até o local.

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MP – Era a primeira vez que realizava esse trabalho?
Resposta – Que já realizou várias emendas uilizando tanto o soprador térmico quanto o maçarico, que não se recorda de ter já ter realizado emenda utilizando o maçarico em local fechado, tal qual o local do ocorrido.

MP – Tinha experiência no manuseio de maçarico a gás?
Resposta – Que o depoente está há 19 anos na empresa e utiliza o maçarico por cerca de 17 anos. Que nesses 17 anos acredita que nunca utilizou o maçarico em local fechado.

MP – Tinha treinamento para esse trabalho? Onde foi realizado o treinamento? Quem ministrou o treinamento? Quando?
Resposta – Que já teve treinamento para a realização do trabalho que estava sendo executado no dia do ocorrido. Que o treinamento que o depoente fez era só para o uso do maçarico, que o treinamento não se referia ao uso do maçarico em local fechado. Que este treinamento foi realizado pelo Cemig e pelo Cefa. Que o treinamento dado pelo Cefa foi há cerca de 12 anos atrás e pelo Cemig, cerca de 6 anos atrás.

MP – Esse treinamento incluía a prevenção de acidentes?
Resposta – Que os treinamentos incluiam noções de prevenção de acidentes. Que nesse treinamento foi passada uma lista de equipamentos que deveriam ser adquiridos pela empresa. Que dos itens constantes da lista, acredita que o único equipamento não adquirido pela empresa foi o detector de gás.

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MP – Esse treinamento incluía como agir em caso de acidentes?
Resposta – Que este treinamento incluía informações de como agir em caso de acidentes generalizados. Que não foi possível ao depoente utilizar os ensinamentos passados pelo treinamento, já que foi tudo muito rápido.

Ministério Público – É empregado da Celesc ou terceirizado?
Resposta – Que é empregado da Celesc.

MP -Qual a função exercida? Quais as atribuições dessa função?
Resposta – Que é técnico em manutenção em rede subterrânea.

MP – Estava no local dos fatos? Especifique?
Resposta – Que estava no local dos fatos fazendo a terceira emenda.

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MP – Quando saíram da Celesc rumo a ponte, as funções de cada um estavam pré-deteminadas? Estava pré-determinado quem faria a emenda com soprador térmico e quem faria a emenda com maçarico?
Resposta – Que as funções foram divididas no local.
MP – Quem coordenava os trabalhos? Quem era o chefe da equipe?
Resposta – Quem coordenava os trabalhos era o Jacques e depois o depoente.

MP – Qual o trabalho que estava sendo realizado na ponte?
Resposta – Confeccionar emendas nos cabos, duas na parte externa e uma na parte interna.

MP – Em que local da ponte esse trabalho estava sendo realizado (parte externa/interna)?
Resposta – Duas na parte externa e uma interna.

MP – O Senhor já tinha estado na área do trabalho, em especial na galeria?
Resposta – Que já conhecia o local, já tendo estado lá por várias vezes.
MP – Qual o processo usado para a execução desse trabalho? É o mesmo para a parte interna e externa? Se diferente, por quê?
Resposta – Que nas duas emendas externas foi utilizado o soprador térmico e na interna foi o maçarico, que não foi utilizado o soprador na parte interna porque não tinha como deslocá-lo até o local.

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MP – Era a primeira vez que realizava esse trabalho?
Resposta – Que já realizou várias emendas uilizando tanto o soprador térmico quanto o maçarico, que não se recorda de ter já ter realizado emenda utilizando o maçarico em local fechado, tal qual o local do ocorrido.

MP – Tinha experiência no manuseio de maçarico a gás?
Resposta – Que o depoente está há 19 anos na empresa e utiliza o maçarico por cerca de 17 anos. Que nesses 17 anos acredita que nunca utilizou o maçarico em local fechado.

MP – Tinha treinamento para esse trabalho? Onde foi realizado o treinamento? Quem ministrou o treinamento? Quando?
Resposta – Que já teve treinamento para a realização do trabalho que estava sendo executado no dia do ocorrido. Que o treinamento que o depoente fez era só para o uso do maçarico, que o treinamento não se referia ao uso do maçarico em local fechado. Que este treinamento foi realizado pelo Cemig e pelo Cefa. Que o treinamento dado pelo Cefa foi há cerca de 12 anos atrás e pelo Cemig, cerca de 6 anos atrás.

MP – Esse treinamento incluía a prevenção de acidentes?
Resposta – Que os treinamentos incluiam noções de prevenção de acidentes. Que nesse treinamento foi passada uma lista de equipamentos que deveriam ser adquiridos pela empresa. Que dos itens constantes da lista, acredita que o único equipamento não adquirido pela empresa foi o detector de gás.

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MP – Esse treinamento incluía como agir em caso de acidentes?
Resposta – Que este treinamento incluía informações de como agir em caso de acidentes generalizados. Que não foi possível ao depoente utilizar os ensinamentos passados pelo treinamento, já que foi tudo muito rápido.