A repórter da NSC TV Bárbara Barbosa esteve nesta quarta-feira (4) no programa Encontro e falou sobre a agressão sofrida por ela e pelo cinegrafista, Renato Soder, na última segunda-feira (2) na Praia do Campeche, em Florianópolis.

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Bárbara explicou o que aconteceu e disse que, desde então, não tinha mais visto as imagens.

— Eu revi as imagens agora com vocês. No momento me senti desamparada e fraca. E quando vejo as imagens, revivo todos esses sentimentos novamente — afirma.

A repórter e o cinegrafista foram cercados por pelo menos três pessoas enquanto gravavam uma reportagem sobre o descumprimento de decretos relacionados à pandemia de coronavírus. Bárbara declara que escutou muituas provocações assim que a equipe chegou na praia e que aos poucos o clima ficou cada vez mais hostil:

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— Nós estávamos com a câmara virada em direção ao mar. Em momento nenhum nós focamos nas pessoas que estavam na praia, não violamos o direito de imagem e de intimidade de ninguém. Estávamos ali para registrar uma realidade pública. Mas comecei a ouvir que eles iriam quebrar a câmara, foi neste momento que decidi pegar o celular para registrar as ameaças. Meu medo era contar sobre essa intimidação e ninguém acreditar em mim.

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Nas imagens é possível ver que a repórter ficou cercada por alguns homens e que uma mulher conseguiu tirar o celular da mãe dela. Ela só conseguiu recuperar o aparelho minutos depois, e ficou com marcas de agressão nos braços.

— Ninguem veio nos defender. Houve um momento que o homem de laranja segurou meus dois braços e perguntei para ele qual era o motivo para tudo aquilo. Quando consegui recuperar o celular eles nos ameaçaram novamente. Disseram que se a gente publicasse algo daquilo iram nos destruir. Eu só queria sair dali. Entrei no carro da TV e só assim me senti segura — afirma.

Bárbara ficou com marcas da agressão
Marcas da agressão (Foto: Carolina Fernandes)

A repórter também disse que tem recebido muitas mensagens de apoio e que agora se sente amparada:

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— Tentaram abafar a nossa voz, mas esse é o nosso trabalho e sempre fizemos isso de forma ética. Nós não somos os vilões…

Inquérito

A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as agressões. A investigação será feita pela 6ª Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami) da Capital, onde o boletim de ocorrência foi registrado. A íntegra das imagens gravadas será analisada. A repórter e o cinegrafista foram ouvidos, e dois suspeitos já foram identificados até agora.

Veja o vídeo das agressões:

Manifestações de repúdio

Nesta terça-feira (3), a Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão disse que agredir um profissional da comunicação, durante o exercício pleno de sua profissão, é ferir a democracia e o direito da sociedade em se informar.

Outras entidades ligadas à comunicação também se manifestaram repudiando às agressões. Segundo a Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert), “qualquer intimidação ou constrangimento de equipes de reportagem em sua missão de informar a população configura um atentado contra a liberdade de imprensa, principalmente neste momento de pandemia”.

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Um dos homens aparecem nas imagens reclama por estar sendo filmado sem autorização. Mas, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, não há violação da intimidade das pessoas, pois o registro é em local público de “pessoas desrespeitando todas as normas municipais e estaduais de prevenção individual e coletiva”.

A Associação Nacional de Jornais lamentou o que chamou de atitude covarde, autoritária, intolerante e que demonstra falta de compreensão do papel dos jornalistas na sociedade e a Associação Catarinense de Imprensa disse que os ataques a jornalistas ferem a democracia e tem consequências imprevisíveis para as liberdades de todos.

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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo condenou as agressões e manifestou solidariedade aos profissionais da NSC TV e pediu que as autoridades encontrem e punam os responsáveis.

A Associação Brasileira de Imprensa destacou que a violência é uma afronta ao livre exercício do jornalismo e ao direito à informação. A ABI ainda enviou uma carta à governadora interina Daniela Reinehr, pedindo rigor na investigação.

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