O esperado aumento na divulgação de fake news no decorrer do período eleitoral exige atenção redobrada de usuários. Instituições como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desenvolvem ações como um canal de denúncias e parcerias com instituições e agências de checagem para tentar conter o fenômeno. Mas a resposta nem sempre consegue se disseminar na mesma velocidade do que os conteúdos falsos.
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Parte da situação se relaciona com a questão jurídica por trás das notícias falsas. Mesmo com as medidas prometidas pelo TSE, a punição à disseminação de fake news ainda é algo difícil. A advogada especializada em Direito Eleitoral e mestre em Direito de Estado com pesquisa na área de desinformação, Luiza Cesar Portella, afirma que a legislação não consegue acompanhar de forma tão rápida a evolução da tecnologia, mas diz que há leis que podem ser aplicadas no caso de divulgação de desinformação.
Um exemplo é o artigo 326-A do Código Eleitoral, que prevê multa e pena de 2 a 8 anos de reclusão a quem der origem a investigação policial ou processo a alguém por crime sabendo que o alvo é inocente, com fins eleitorais. Outro artigo da mesma lei, o 323, define como crime a divulgação de fatos inverídicos contra candidato na propaganda eleitoral ou em período de campanha. Nesse caso, a pena é de dois meses a um ano, ou multa. Por fim, de forma mais ampla existem os crimes de calúnia, difamação e injúria, que podem resultar em multa e penas de até dois anos.
— Acredito que hoje as pessoas estejam mais conscientes da existência do fenômeno [da desinformação], mas receio que quando as paixões afloram, a racionalidade fica um pouco de lado. É um processo de constante educação social e política — avalia.
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Veja dicas para identificar conteúdos suspeitos
A reportagem do Diário Catarinense conversou com especialistas em combate à desinformação e elencou 10 pontos que podem ajudar a identificar conteúdos falsos que chegam pelo aplicativo de mensagem, pelas redes sociais ou na internet em geral. Confira:
Mensagens que provoquem reações
É comum que os conteúdos falsos tragam apelo a sentimentos como medo, angústia e tensão emocional em geral. Pode ser difícil para o usuário perceber isso, mas educar a mente para identificar as vezes em que sentir isso ao receber ao conteúdo e fazer uma busca para checar a informação pode ser uma estratégia importante.
Tom de urgência e pedidos para repassar o conteúdo
Mensagens como “urgente”, “leia antes que tirem do ar” e pedidos para repassar o conteúdo “o mais rápido possível” ou para “o maior número de pessoas” também costumam fazer parte de conteúdos de desinformação. A recomendação é para que as pessoas evitem atender a esses apelos e não compartilhem os materiais antes de pesquisar bem se aquela informação é de fato verdadeira
Ausência de links para fontes confiáveis
A falta de links para para publicações de veículos de informação ou instituições oficiais, onde o usuário poderia checar a fonte do conteúdo, também é um sinal que merece atenção.
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Erros básicos de português
Uma dica básica é identificar se o conteúdo tem erros básicos de português. Esse tipo de erro dificilmente ocorre em publicações de veículos de comunicação ou fontes confiáveis de conteúdo.
Uso de símbolos e números no lugar de letras
O uso de símbolos e números no lugar de letras recentemente também se tornou uma característica em conteúdos de fake news. Grafias como Lul4, B0ls0n4r0 e 5TF, com números fazendo as vezes de letras como I, A e S, são utilizadas para escapar dos monitoramentos nas redes sociais, que estão mais vigilantes contra conteúdos falsos, e também das agências de chacagem, que verificam a procedência das informações.
Imagens em baixa resolução
Muitas vezes as fotos utilizadas nas postagens têm qualidade baixa, o que ajuda a dificultar verificações sobre o conteúdo
Grandes tramas, complôs ou teorias conspiratórias
A referência a grandes complôs e conspirações generalizadas também está presente em algumas publicações de desinformação. A intenção é tentar plantar a dúvida e a desconfiança nas instituições, mesmo sem apresentar provas.
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Ausência de autoria do conteúdo ou atribuição falsa a um autor
A ausência de informação sobre o autor ou a fonte das informações, ou a atribuição a um autor que não foi de fato quem produziu aquele material, também é outro sinal que pode ajudar a identificar conteúdos falsos. A ausência de detalhes sobre a data e o local do acontecimento também é outro elemento presente, porque pode induzir o leitor a pensar se tratar de um tema atual ou próximo.
Notícias antigas
Outra característica é a divulgação de notícias antigas, que estão fora do contexto atual, sem mencionar que se trata de conteúdo de outro período.
Dica final: pesquisar
A dica final para o usuário é pesquisar. Abrir uma nova guia e conferir as informações recebidas no Google, em sites jornalísticos, de instituições oficiais ou de agências de checagem são formas de descobrir se aquele conteúdo é ou não verdadeiro para só então pensar em compartilhá-lo a outros conhecidos.
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