A pulverização de comércios e indústrias pelos bairros de Joinville é um dos grandes objetivos da Lei de Ordenamento Territorial (LOT). O projeto desenvolvido pelo Ippuj, órgão responsável pelo planejamento urbano em Joinville, prevê uma mudança de paradigma na questão dos deslocamentos dos moradores de casa para o trabalho.
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Hoje, boa parte dos empregos está concentrada no Distrito Industrial, enquanto parcela significativa da população vive na zona Sul. Agora, a ideia é possibilitar a existência de empregos em todos os bairros, facilitando o acesso ao trabalho, melhorando a mobilidade e a economia de cada região.
As faixas viárias, que em sua maioria estão localizadas em ruas de grande circulação de automóveis, são pontos que possibilitam a instalação de comércios e indústrias de pequeno porte – em uma distância de 100 metros para cada lado da via.
Segundo o Ippuj, até mesmo empreendimentos comerciais e varejistas de médio porte poderão se instalar em alguns trechos, desde que apresentem estudo de impacto de vizinhança (EIV) e estejam de acordo com a resolução 03/2008 do Consema.
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A possibilidade de conviver com comércios e indústrias do lado de casa não está sendo bem recebida por parte da população.
Dúvida sobre o trânsito
Em audiências paralelas realizadas em algumas regiões da cidade por um grupo de associações de moradores, é criticado o fato de que a instalação dos comércios e indústrias atrapalhará ainda mais o trânsito das regiões, além de aumentar a poluição sonora, atrapalhando assim o sossego de quem vive numa área que é
predominantemente residencial.
Outra crítica às faixas viárias consiste no fato de que, enquanto a Prefeitura argumenta querer aproximar o local de trabalho da casa do empregado, a criação das áreas rurais de transição (ARTs) pode aumentar o perímetro urbano da cidade e,
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consequentemente, os custos do transporte urbano.
À parte das críticas, o Ippuj defende que boa parte da cidade já prevê a possibilidade de indústrias e comércios nas áreas definidas como faixas viárias e que, mesmo assim, não há demanda que tenha gerado uma modificação extrema na paisagem do município.
Sobre as ARTs, a Prefeitura alega que a inclusão das áreas rurais só regulariza porções que já são urbanas dentro de uma área rural, como parte de uma zona de amortecimento.
Infraestrutura preocupa
Daiana Domingues Maciel, 30 anos, mora na rua Pedro Lessa, no Boa Vista, há menos de dois anos. Sua casa está localizada a menos de 20 metros da rua Albano Schmidt e a 50 metros de distância da rua Helmut Fallgatter.
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A vendedora autônoma acha válida a possibilidade de que existam mais indústrias e comércios convivendo lado a lado em regiões que hoje são residenciais.
– Isto daria chance de emprego para muita gente. Porque se tem um comércio ou indústria de um lado, vão precisar de gente ali e quem mora perto tem sempre
preferência – acredita.
Da mesma forma que enxerga como útil a pulverização de serviços e empresas pela cidade, Daiana acredita que a maioria das ruas não têm suporte suficiente para aguentar o aumento da quantidade de veículos que transitariam pelas ruas que ficariam dentro da zona das faixas viárias.
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– As ruas hoje já ficam bem cheias, com muito movimento. Se tiver mais indústria e comércios, ficará ruim andar de carro até perto de casa – comenta.