Conciliar a presença humana com a das baleias, tornando a convivência mais harmônica possível, é um dos maiores desafios encontrados pelas entidades catarinenses que atuam em prol da preservação das baleias. É o que afirma a bióloga e diretora de pesquisa do Instituto Australis, Karina Groch. Para fortalecer esse trabalho de proteção, esses animais marinhos passarão a contar com um dia só para eles: 31 de julho foi instituído como o “Dia da Baleia Franca”.
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A decisão foi publicada no Diário Oficial da União da última terça-feira (18), por meio de uma portaria do Secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa.
Veja o quanto você sabe sobre as baleias
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O documento que cria a data de homenagem destaca a importância da Baleia Franca (Eubalaenam australis) “refletida nos esforços liderados pelo Brasil para conservação dos oceanos”.
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A proposta foi apresentada pelo Instituto Australis, ao Ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, e ao Secretario de Biodiversidade durante uma reunião da Comissão Internacional baleeira (IWC67) que ocorreu semana passada em Florianópolis. A medida, segundo a entidade, é em comemoração ao retorno das baleias-franca ao Brasil. A entidade catarinense coordena há 35 anos o projeto Baleia-Franca, que pesquisa e monitora a população animal.
— Nossos objetivo é tornar a convivência menos prejudicial possível para as baleias, de modo que a população possa permanecer na costa, no litoral, usufruindo dos recursos sem comprometer a sobrevivência e a recuperação populacional das baleias —, conta a diretora de pesquisa do Instituto Australis.
Homenagem
A data de 31 de julho foi definida por causa de um caso curioso que aconteceu em 2017 no litoral catarinense. Uma baleia-franca que havia sido resgatada há 15 anos em Laguna, no Sul do Estado, ainda filhote, voltou litoral catarinense ano passado, junto de um filhote albino. Ambos foram avistados no dia 31 de julho de 2017. A confirmação de que se tratava do mesmo animal, no entanto, foi feita apenas este ano pelo Projeto Baleia Franca.
Em 2003, a baleia entrou no Canal dos Molhes da Barra, em Laguna, e acabou se prendendo em um banco de areia. Após 30 horas de resgate, ela foi rebocada e colocada de volta ao mar. Conforme informações apuradas pelo G1 SC, pesquisadores que atenderem o caso levantaram a hipótese de que ela teria se desmamado da mãe e se perdido.
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Ela foi batizada de Sunset (pôr-do-sol em inglês) porque na época o resgate foi concluído no fim da tarde, em meio a um pôr do sol.
Mancha de nascença permitiu identificação
Uma mancha cinza presente no dorso do animal foi o que resultou na identificação. Apesar desta particularidade, todas as baleias têm uma calosidade na cabeça que são como impressões digitais, que permitem o reconhecimento, o que não foi possível neste caso porque as equipes não contavam com essa informação.
— O principal aspecto foi essa mancha, porque, como não tínhamos uma foto aérea da cabeça da baleia quando foi resgatada, não conseguimos identificar —, explica a bióloga.
As baleias que aparecem no litoral catarinense há 31 anos são monitoradas por meio de sobrevoos — e há 20 diariamente também em terra. O objetivo é acompanhar questões relacionadas ao crescimento populacional das baleias, já que durante cerca de quatro séculos as baleias francas foram alvos de caça conforme Groch. Entre as atividades estão a identificação e o reconhecimento individual, acompanhamento da taxa de retorno delas para o litoral catarinense, quantidade de filhotes e intervalo reprodutivo.
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