Depois de duas décadas comandando picapes e sacudindo pistas mundo afora sozinho ou como um dos integrantes do Life Is a Loop, Fabricio Peçanha sentiu que era hora de deixar o lado produtor falar mais alto. Nos últimos dois anos, ele se dedicou ao projeto de Silver Lining, seu primeiro álbum de estúdio, que condensa toda a experiência do DJ que já foi eleito o melhor do país por revistas especializadas. Fabricio falou sobre este novo trabalho em entrevista por e-mail ao DC.
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Você já tem 20 anos de carreira mas esse é o seu primeiro álbum solo. Foi preciso criar maturidade para este trabalho?
Sim, comecei trabalhando como DJ e depois de algum tempo passei a produzir minhas próprias músicas, mas lançava somente singles ou EPs. Apenas no ano passado decidi trabalhar em um álbum próprio.
Como foi a concepção do disco, qual sua inspiração para as batidas?
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Trabalhei no álbum por quase dois anos. Busquei inspiração em tudo que me cercava, timbres de rock, anos 1980, 1990 e, claro, na música eletrônica. O disco é basicamente no estilo techno, mas passo por várias vertentes. É um álbum bem conceitual e eclético.
O trabalho segue os ritmos já conhecidos pelos seus fãs ou houve espaço para experimentações?
É na maior parte bem experimental, não fiz todas as tracks pensando em tocar nas pistas. Me dei a liberdade de experimentar sons e batidas diferentes, coisas que não toco normalmente.
Qual tem sido a resposta do público?
Muito boa. Recebi críticas boas, principalmente de DJs gringos. Muita gente que admiro e acompanho está tocando o disco. O resultado foi muito melhor do que esperava.
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Trabalho é uma via de mão dupla
MIK SILVA*
Demorou, mas consegui ouvir o disco inteiro. Enquanto viajava, pude perceber as influências citadas por Peçanha de maneira bem clara. Algumas das músicas recheadas de elementos e frases minimalistas que sintetizam as influências adquiridas ao longo desses anos de carreira. Acredito que este trabalho se tornou uma via de mão dupla: quem conhece a carreira de Peçanha se identifica rapidamente com suas músicas, pois carrega uma identidade própria.
Ao contrário, quem não conhece, basta ouvir este CD e é possível entender rapidamente tudo que já foi construído por ele fielmente ao longo dos anos. Mesmo admitindo que algumas músicas não foram feitas para a pista, posso contrariar e dizer que, executadas no momento certo, na pista certa, podem arrancar reações impressionantes do público. Obs.: Peçanha, você me deve um alto-falante novo.
*Gerente de programação da Atlântida Floripa e DJ
