Gal Costa morreu em novembro de 2022 e agora a despedida da cantora ganha um novo episódio com uma polêmica judicial envolvendo seu testamento. Duas primas da cantora entraram na Justiça de São Paulo e pediram para que um documento feito pela artista em 1997 volte a ter validade jurídica. Segundo Verônica Silva e Priscila Silva, Gal Costa foi coagida por Wilma Petrillo, viúva de Gal e madrinha de Gabriel, a revogar o material em 2019. As informações são do g1.
Continua depois da publicidade
Wilma diz que conviveu com a cantora por cerca de 20 anos e conseguiu na Justiça o reconhecimento de união estável, que é agora contestada pelo filho de Gal, Gabriel Costa, de 18 anos.
O que dizem as primas de Gal
- Gal “jamais manifestou qualquer vontade de revogação do testamento lavrado anteriormente, especialmente porque o referido documento seria destinado a preservar o seu patrimônio cultural e artístico para constituição de uma fundação filantrópica em seu nome”;
- “A conduta de Wilma sempre foi de manipulação perante Gal, seja em relação a sua carreira, seu patrimônio, sua família, funcionários e amigos além de todos que com ela se relacionavam”;
- “Durante a relação pessoal e empresarial que Wilma manteve com Gal, esta vivia visivelmente infeliz e adoecida”.
O objetivo do testamento seria a criação de uma entidade chamada Fundação Gal Costa de Incentivo à Música e Cultura, na qual a gestão ficaria sob responsabilidade das primas. Documento apresentado no processo mostra que Wilma chegou a assinar o testamento à época.
Continua depois da publicidade
Segundo o processo, as familiares defendem que a revogação do testamento aconteceu “num contexto de fortes elementos e indícios de que Gal Costa sofreu coação moral irresistível contra si, contra sua família e contra seu patrimônio, configurando assim coação”, o que justificaria a nulidade do ato.
O que é a Fundação Gal Costa
As primas da cantora explicam que, nos anos 2000, Gal Costa entregou a elas todo o acervo de figurino artístico utilizado pela cantora “com a finalidade de que o referido acervo constituísse patrimônio da Fundação Gal Costa”.
Dentre o acervo entregue, apontam elas, constam “roupas utilizadas desde a época da Tropicália, na Turnê com Tom Jobim, o que, por certo, reafirma a sua expressão de vontade manifestada no testamento”.
Segundo o testamento apresentado pela família (foto abaixo), entre os objetivos da fundação estão:
- Formação de músicos e outros artistas cuja atividade cultural tenha ligação com a música, seja erudita ou popular;
- Promover festivais e concursos;
- Conceder bolsas de estudo de música para pessoas em vulnerabilidade social;
- Doar ou financiar instrumentos musicais e cursos de música;
- Promover melhor situação financeira e músicos idosos em vulnerabilidade social.
Continua depois da publicidade
Filho de Gal Costa pede exumação do corpo da mãe
Gabriel Costa pediu à Justiça de São Paulo autorização para que o corpo da mãe seja exumado e passe por necrópsia. Conforme o g1, o único herdeiro questiona a informação do atestado de óbito e agora quer uma perícia judicial para determinar a causa da morte da cantora.
Segundo o documento, Gal morreu aos 77 anos, em novembro de 2022, em decorrência de um infarto agudo no miocárdio. A certidão descreve ainda como causa da morte uma neoplasia maligna [câncer] de cabeça e pescoço.
O advogado de Gabriel afirma que, na verdade, Gal teve “morte natural por causa desconhecida”, e não infarto agudo do miocárdio. Segundo ele, no momento da morte, não havia nenhum médico que pudesse atestar o verdadeiro motivo do óbito.
A petição afirma também que Wilma Petrillo, viúva de Gal, recebeu o Samu no local da morte e proibiu “qualquer autópsia que fornecesse maiores informações e determinando desde logo o sepultamento em jazigo particular, de acesso restrito”.
Continua depois da publicidade
O g1 entrou em contato com a defesa de Wilma, mas não obteve retorno até a última publicação desta reportagem.
Garoto diz ter sido coagido
Gabriel, filho de Gal Costa, também acionou a Justiça para requerer a nulidade de um documento assinado por ele mesmo no qual dizia que Wilma Petrillo, viúva da cantora, vivia com a artista como se elas fossem casadas. Na manifestação, que agora questiona, Gabriel disse também que considerava Wilma como mãe.
A declaração foi determinante para que o Judiciário reconhecesse que Wilma mantinha união estável com Gal, o que a colocou também na posição de herdeira.
O g1 procurou a defesa de Wilma Petrillo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Continua depois da publicidade
Quem era Gal Costa
A cantora Gal Costa, uma das maiores vozes da música popular brasileira, morreu em novembro de 2022, aos 77 anos. Ela foi uma revolução das vozes e dos costumes na música brasileira desde seu surgimento na cena nacional, no início da década de 1960.
Aproximou-se ainda adolescente aos também baianos Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, com quem integraria o grupo conhecido como Doces Bárbaros, responsável mais tarde por um disco definidor da década de 1970.
Tinha ainda pouco mais de 20 anos quando participou do álbum “Tropicália ou Panis et Circencis”, pedra fundamental do movimento tropicalista. Logo depois, em 1971, fez um dos espetáculos de maior repercussão da história da MPB, “Fa-Tal”, que viraria também um álbum cultuado.
Leia também
Político de SC se envolve em acidente com caminhão e dois carros
Homem é atacado a facadas e morre após briga causada por rede de pesca em SC
Corpo de homem é encontrado com marcas de agressão em praia de SC